Nem todos gostam do filme ultraviolento Sin City, de Robert Rodriguez, baseado na sombria história em quadrinhos de Frank Miller, mas seus criadores já estão trabalhando sobre uma sequência, e o elenco está interessado em levar o plano adiante.
O filme, que já arrecadou mais de 72 milhões de dólares apenas nas bilheterias dos EUA, está em Cannes como parte da competição principal, causando espécie entre os veteranos observadores do festival, que estão acostumados a assistir a trabalhos mais artísticos, menos comerciais.
Também têm surgido queixas sobre a violência implacável e explícita do filme, sem falar em acusações de sexismo, num filme onde as mulheres geralmente aparecem de pouca roupa.
Mas nada disso incomoda a Rodriguez ou o co-diretor, Frank Miller, criador das tiras em quadrinhos originais que foram fielmente reproduzidas na tela com o emprego de tecnologia digital avançada.
- Desde o começo já falávamos em fazer uma sequência - Rodriguez disse à Reuters na quinta-feira.
O próximo filme será baseado em Dame do Kill For, de Miller, parte da trama de Sin City que não foi incluída no primeiro filme. Se possível, Rodriguez quer conservar o elenco original.
Mickey Rourke representa Marv, um lutador durão que quer vingar o assassinato de uma beldade loira que ele não conseguiu proteger contra o personagem malévolo e canibal representado por Elijah Wood.
Bruce Willis é John Hartigan, o último tira honesto da cidade, Clive Owen é o durão Dwight, Benicio del Toro assume o papel de Jackie Boy, um tira honesto que se corrompeu, e Jessica Alba é Nancy, uma dançarina exótica de 19 anos que é apaixonada por Hart.
- Sempre achamos que 'Dame to Kill For' seria a história certa para a sequência - disse Robert Rodriguez.
- A história tem todos os personagens: Mickey está nela, Clive também. Seria ótimo trazer todo o mundo de volta.
Durante coletiva de imprensa que concedeu na quarta-feira, o diretor americano disse que os trabalhos sobre a sequência de Sin City podem começar ainda este ano.
Embora seu elenco estelar tenha sido bem-vindo no Festival de Cinema de Cannes este ano, que até agora não recebeu grande número de celebridades, o surgimento de Sin City dentro da competição principal foi uma surpresa.
Os diretores e atores defenderam seu retrato da violência, tema esse que vem sendo popular entre os 21 candidatos à Palma de Ouro, que será entregue no domingo.
- É um trabalho muito particular - disse Owens à Reuters.
- Não guarda relevância com a violência que podemos ver em nossas próprias vidas ou nas ruas. Tem uma inteligência e humor tremendos. Não se trata de violência estúpida, de maneira alguma.
Frank Miller acrescentou:
- Quando se considera que a maior parte da literatura dramática desde a 'Ilíada' e mesmo antes foi extremamente violenta, é um pouco ridículo condenar a violência do filme - referindo-se ao poema épico da antiguidade grega.
Robert Rodriguez assumiu riscos grandes para fazer Sin City, tendo usado seu dinheiro próprio para criar imagens que usou para convencer o relutante Miller a dar seu apoio ao projeto e se afastado do Sindicato de Diretores da América, para o qual apenas um diretor poderia receber os créditos pelo filme.
Quando Miller viu o conceito de Rodriguez, que se conservava fiel ao sombrio mundo em preto e branco que ele criou, apenas acrescentando alguns toques de cor para dar um efeito mais forte, ele acabou aderindo à idéia.
Criadores de <i>Sin City</i> planejam sequência do filme
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Quinta, 19 de Maio de 2005 às 14:09, por: CdB