A CPI do Carf ouviu, na terça-feira, em sigilo, o depoimento de testemunha-chave na investigação do esquema de venda de sentenças que anularam multas da RF.
A testemunha-chave é Gegliane Maria Bessa, ex-funcionária da empresa J.R. Silva Advogados e Associados
A comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura denúncias de irregularidades no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) ouviu, na terça-feira, de forma secreta, o depoimento de testemunha-chave na investigação do esquema de venda de sentenças que anularam pelo menos R$ 19 bilhões em multas da Receita Federal.
Segundo o senador Otto Alencar (PSD-BA), Gegliane Maria Bessa forneceu informações valiosas que vão contribuir para se chegar aos culpados. Ela é ex-funcionária da empresa J.R. Silva Advogados e Associados, que pertence à ex-conselheira Adriana Oliveira e Ribeiro, suspeita de manipular julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) em troca de propina.
Novas convocações
No dia 23 de junho, a CPI aprovou a convocação de ex-conselheiros do Carf supostamente envolvidos no esquema de corrupção investigado pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. Além deles, também serão convocados sócios de empresas que fariam parte do esquema.
Entre os convocados estão os presidentes da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan Yabiku Junior; e gestores da Ford e da Mitisubishi. De acordo com notícias veiculadas pela imprensa, essas empresas teriam pago propina para manipular resultados de julgamentos internos do Ministério da Fazenda.
Também foi aprovada a convocação do vice-presidente do Banco Santander, Marcos Madureira, e do presidente do Grupo RBS (empresa de comunicação afiliada da Globo no Rio Grande do Sul), Eduardo Sirotsky Melzer. As duas empresas também são citadas como possíveis participantes do esquema.
Informações
Além dos pedidos de convocação, a CPI aprovou requerimento para ter acesso à declaração de imposto de renda dos últimos cinco anos do ex-conselheiro do CARF Leonardo Manzan. O colegiado também vai requerer à Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação (Copei) cópia digitalizada de qualquer processo informando aquele órgão a respeito de suspeitas de manipulação de julgamentos do CARF.
No dia 18 de junho, Nelson Mallmann afirmou, em depoimento à CPI, que a Copei, da Secretaria de Receita Federal, recebeu, já em outubro de 2013, um relatório com denúncias de irregularidades no Carf.
— Será de extrema valia para os trabalhos desta CPI obter cópia desse documento e de qualquer procedimento que tenha sido instaurado em função dele – justificou o presidente da comissão, senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO).
A relatora da CPI, senador Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), e os demais senadores que compõe o colegiado apoiaram os pedidos.
Esquema
A Operação Zelotes, deflagrada em março passado por diversos órgãos federais de investigação, em conjunto com a PF, constatou que grandes empresas vinham subornando integrantes do Carf, órgão do Ministério da Fazenda junto ao qual os contribuintes podem contestar multas aplicadas pela Receita Federal, para serem absolvidas de pagar impostos devidos (ou reduzir de forma significativa o valor a ser pago.
A investigação já comprovou prejuízos de R$ 6 bilhões aos cofres públicos, mas auditores envolvidos na operação avaliam que a fraude pode ultrapassar R$ 19 bilhões.
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