A Justiça espanhola iniciou nesta quinta-feira o julgamento de 29 suspeitos de envolvimento com o atentado ao sistema de transporte de Madri, em março de 2004. É o maior julgamento de supostos militantes islâmicos a se realizar na Europa. Sete dos suspeitos - cinco cidadãos marroquinos, um sírio e um espanhol - são acusados de assassinar as 191 pessoas que morreram no incidente, e de tentar assassinar as outras 1.755 que ficaram feridas.
Dois deles - Jamal Zougam e Abdelmajid Bouchar - são acusados de colocar as bombas que explodiram nos quatro trens que circulavam no horário de pico. Os outros 22 réus - 11 marroquinos, oito espanhóis, um argelino, um sírio e um libanês - serão julgados por uma série de acusações que variam de manejo de explosivos a terrorismo. Sete dos principais suspeitos pelo atentado - incluindo o suposto cabeça do plano, o tunisiano Serhane bem Abdelmajid Fakhet - cometeram suicídio coletivo em 2004, explodindo-se em um apartamento em Madri três semanas depois dos atentados, quando estavam prestes a serem alcançados pela polícia. Um policial morreu no incidente.
Cem mil páginas
Espera-se que o processo dure meses, e escute centenas de testemunhas e especialistas policiais. Apenas a acusação tem 100 mil páginas. Os documentos legais foram digitalizados e serão projetados em telas durante as sessões da corte, em transmissões ao vivo e com destaque na TV, rádio e Internet.
As bombas explodiram em quatro trens diferentes, que haviam deixado a estação de Alcalá, 19 km ao leste de Madri, em direção ao centro da capital espanhola. Dez explosões ocorreram em diversos vagões, quando os trens estavam próximos ou deixavam as estações Atocha, El Pozo e Santa Eugenia.
Especialistas desarmaram três bombas que não explodiram, e cujas evidências ajudaram os policiais na investigação.As autoridades espanholas atribuíram os ataques o Grupo de Combate Islâmico Marroquino, uma célula norte-africana agindo sob inspiração da rede Al-Qaeda. Na terça-feira, o governo elevou o nível de alerta de segurança no país de baixo para médio. Enquanto o alerta estiver em vigor, mais policiais estarão estacionados em locais públicos de visibilidade, disse o Ministério do Interior.