Temer alimentava a ideia de passar alguns dias na base militar da Restinga de Marambaia. Nesta manhã, no entanto, avisou à equipe presidencial que desistiu do passeio.
Por Redação - de Brasília
Ainda em processo de recuperação da cirurgia que instalou uma sonda na uretra — processo extremamente doloroso — o presidente de facto, Michel Temer (MDB), desistiu de viajar para o Rio de Janeiro. Resolveu permanecer em Brasília, durante o feriado do Ano-Novo. No campo político, Temer também desconheceu a carta de censura dos governadores nordestinos. No documento, apontam uma tentativa de chantagem por parte de seu chefe da articulação com o Congresso, Carlos Marum (MDB-MS).
Temer alimentava a ideia de passar alguns dias na base militar da Restinga de Marambaia. Nesta manhã, no entanto, avisou à equipe presidencial que desistiu do passeio. Alegou que há “previsão de tempo chuvoso”. De fato, porém, o emedebista tem reclamado de desconforto por causa de sonda urinária colocada há duas semanas por causa de cirurgia de desobstrução da uretra.
A expectativa é de que, nos próximos dias, faça uma nova bateria de exames no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Por conta do procedimento, Temer já cancelou duas viagens oficiais: uma para o Sudeste Asiático e outra para Alagoas.
A orientação médica é de que ele evite viagens de longa distância e permaneça o máximo possível em repouso em Brasília. Aos 77 anos, o mais velho inquilino do Palácio do Planalto, na história do Brasil, Temer sofreu três intervenções médicas nos últimos meses. Uma para conter um sangramento na próstata, outra para colocar um stent em artérias coronárias; e agora, para desobstruir a uretra. Segundo a equipe médica, o procedimento na uretra foi considerado bem sucedido, mas "há sempre o risco" de voltar.
Pitbull solto
Criticado até na mídia conservadora por seu “estilo pitbull”, Marum sequer foi chamado em Palácio para explicar seu comportamento junto aos governadores. Na carta a Temer, os mandatários nordestinos chegaram a se referir a uma tentativa de “chantagem” por parte do chefe da Secretaria de Governo. Nesta manhã, Marun negou que tenha condicionado a liberação de financiamentos da Caixa Econômica Federal (CEF) aos Estados a esforço dos governadores pela aprovação da reforma da Previdência. Mas trocou seis por meia-dúzia.
— Desafio qualquer um a destacar o trecho em que afirmo que financiamentos estão condicionados a apoio a necessária Reforma da Previdência. Afirmei, como reafirmo, que espero que todos os agentes públicos tenham a responsabilidade de contribuir neste momento histórico da vida da nação — disse Marum, depois de afirmar que assistiu à sua própria entrevista para verificar o que havia dito.
No cargo há menos de 15 dias, o deputado licenciado afirmou, em entrevista há dois dias, que os financiamentos da Caixa “são ações de governo”. E que “deve, sim, ser discutido com esses governantes alguma reciprocidade no sentido de que seja aprovada a reforma da Previdência”.
A declaração ampliou os problemas do governo. Em carta, governadores do Nordeste reagiram à entrevista. Membros do Ministério Público e políticos também criticaram Marun.
Previdência
Na nota, divulgada apenas nesta quinta-feira, Marun diz que afirmou, e reafirma ainda, que vai “dialogar de forma especial com aqueles que estão sendo beneficiados por ações do governo; pleiteando o seu envolvimento no esforço que estamos fazendo para realizar as reformas que o Brasil necessita”.
Marun acusa ainda os governadores que reagiram à sua afirmação de tentar esconder a ação do governo federal; em ações financiadas pelos bancos públicos. Para “buscar resultados eleitorais exclusivamente para si”, disse. Em lugar de censurá-lo, Temer também cobrou empenho de governadores pela reforma.
— Se não fizermos a reforma da Previdência agora, não haverá qualquer candidato a governador; deputado ou senador que não tenha que tocar no assunto. Pois será cobrado a respeito disso — concluiu.