A chuva provoca cenários e reações diferentes em três Estados brasileiros. Em Alagoas e no Tocantins, os moradores contabilizam os prejuízos provocados pelas cheias dos rios São Francisco e Tocantins. Já no Sertão de Sergipe, agricultores e comerciantes comemoram a volta dos temporais, que está mudando a paisagem seca da área.
A cheia do São Francisco já causou transtornos na Bahia, em Pernambuco, Sergipe e Minas e agora pode estar provocando a morte de peixes que vivem em cativeiros em Alagoas. Os criadores dos animais dizem que foram prejudicados pelo aumento da vazão das hidrelétricas do rio.
Em três dias, 30 mil tilápias morreram nos tanques-rede de uma associação de piscicultores em Olho D'água do Casado, no Sertão de Alagoas. Os peixes eram criados em cativeiro em um dos lagos da hidrelétrica de Xingó. - Foi o maior prejuízo que tivemos até hoje - disse o presidente da entidade, Elias Monteiro.
Os gestores do projeto de piscicultura atribuem a mortandade a um fenômeno chamado de embolia gasosa. - É um processo natural. O aumento da velocidade da água proporciona alterações no ambiente e isso, muito provavelmente, pode ter provocado as mortes - explica o diretor do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas, Gustavo Carvalho.
A vazão nas comportas da hidrelétrica de Xingó está em seis mil metros cúbicos por segundo. Isso significa que estão sendo liberados seis milhões de litros de água a cada segundo. O normal são dois milhões de litros. As associações de piscicultores vão pedir indenização pelos prejuízos.
Tocantins
Já o Rio Tocantins provocou alagamentos em seis cidades do Norte do Estado que tem o mesmo nome. Muitas famílias perderam as casas e as lavouras. O rio Manoel Alves Grande, afluente do Tocantins, chegou a subir 11 metros e, agora, está voltando ao nível normal.
Os moradores de Goiatins foram os mais prejudicados pela enchente. Quinhentas pessoas tiveram de deixar os imóveis onde moravam.
As perdas começam a ser contabilizadas. Na zona rural, as lavouras de subsistência foram destruídas. Segundo a Defesa Civil, mais de 170 toneladas de grãos foram perdidas, além de milhares de mudas de abóbora e banana.
Alegria no Sertão
O cenário é bem diferente no Sertão de Sergipe. Os agricultores e comerciantes acostumados à seca estão comemorando a volta das chuvas. Nos últimos 30 dias, choveu 145 milímetros na região. A média registrada nesse mesmo período nos últimos anos foi de 40 milímetros.
O principal reflexo provocado pelas chuvas de trovoadas pode ser percebido nos pequenos laticínios. De acordo com o Departamento Agropecuário de Sergipe, a produção de leite aumentou em 20%.
Mas mesmo com a chegada das chuvas, os técnicos orientam os produtores para que esperem um pouco mais para o plantio de milho e feijão. - As culturas de subsistência, a exemplo de milho e feijão, são plantadas a partir de abril e maio, com a chegada definitiva do período chuvoso, que ocorre aqui entre maio e agosto - explica o técnico Luciano Firmino.
Com os agricultores animados, as lojas comemoram o aquecimento das vendas. - Todo mundo ganha: o pessoal da cidade, o comércio, o produtor - diz um comerciante.