Rio de Janeiro, 17 de Dezembro de 2025

Bosch: Volkswagen é responsável por manipular emissão de gases poluentes

A companhia alemã Bosch, fornecedora de tecnologia para veículos a diesel, responsabilizou o grupo Volkswagen pela manipulação dos dados sobre emissões de gases poluentes nos veículos a diesel que foi descoberta nos Estados Unidos.

Segunda, 28 de Setembro de 2015 às 07:57, por: CdB
Por Redação, com ABr - de Madri: A companhia alemã Bosch, fornecedora de tecnologia para veículos a diesel, responsabilizou o grupo Volkswagen pela manipulação dos dados  sobre emissões de gases poluentes nos veículos a diesel que foi descoberta nos Estados Unidos.
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A imprensa alemã revela que a Bosch advertiu o grupo Volkswagen, em 2007
A companhia Robert Bosch, responsável pela avançada tecnologia que levou os motores a diesel ao mercado europeu como alternativa aos motores a gasolina, é a fornecedora dos modelos equipados com a família de motores 'EA189' do sistema de injeção por common-rail, a alimentação e o módulo que dosa o tratamento de gases de escape, além do software que gere estes sistemas. Em comunicado de imprensa, a Bosch explica que, como é habitual na indústria auxiliar ao setor automobilístico, os componentes são fornecidos segundo as especificações do fabricante de automóveis. A forma de calibragem e integração destes sistemas nos veículos completos é da responsabilidade de cada fabricante de automóveis, adianta a Bosch. A imprensa alemã revela que a Bosch advertiu o grupo Volkswagen, em 2007, sobre o fato de o software que avalia emissões de poluentes ter sido desenvolvido apenas para testes e que a utilização dele na estrada era ilegal. Quatro anos mais tarde, em 2011, a Volkswagen também foi avisada por um engenheiro do grupo sobre as práticas ilegais nos testes de emissões, segundo um relatório citado na edição de domingo do diário alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung, que respondia nesse momento a uma investigação interna. A tecnologia desenvolvida pela Bosch é utilizada nos motores 'EA189' utilizados em 11 milhões de veículos das marcas Audi, Seat, Skoda e Volkswagen ainda que, por enquanto, apenas a marca Volkswagen tenha identificado cinco milhões de unidades em todo o mundo. As demais marcas ainda não revelaram o número de veículos que incluem o software, tecnicamente denominado como defeat device, que altera os dados das emissões quando um veículo está sendo submetido a testes de emissões e modifica o regime de funcionamento do motor para produzir menos gases poluentes. O desvio está centrado nos óxidos de nitrogênio, um elemento extremamente visado nas normas de emissões poluentes dos Estados Unidos em comparação com o das normas europeias (Euro5). As normas na Europa, no entanto, foram substituídas em 1º de setembro pela Euro6, agora muito mais exigente. Nos Estados Unidos, o limite admitido é de 48 miligramas por quilômetro, enquanto o do Euro5 admitia 160 miligramas. A quantidade foi reduzida para 80 miligramas no novo conjunto de normas Euro6. Audi A Audi, que faz parte do grupo Volkswagen, reconheceu que 2,1 milhões dos seus carros utilizam o mecanismo que frauda testes ambientais, assim como ocorreu com os veículos da matriz alemã. Segundo a empresa, 1,4 milhão estão em circulação na Europa Ocidental, sendo 577 mil só na Alemanha, contou o porta-voz Juergen de Graeve à agência "Bloomberg". Os modelos envolvidos no escândalo são o A1, A3, A4, A5, A6, TT, Q3 e Q5. Por causa da fraude, o governo alemão deu um ultimato ao conglomerado alemão para resolver o problema em até 10 dias. Caso contrário, a KBA (que regulamenta o setor) poderá proibir os veículos da marca a circularem pelo país e a serem vendidos em lojas, informou o jornal "Bild". Ainda de acordo com a publicação, outra empresa alemã, a Bosch, pode estar envolvida no escândalo. Isso porque foi ela quem produziu a polêmica peça que serve para omitir os resultados. Só que, em um relatório de 2007, a Bosch havia notificado a montadora de que o item deveria só ser utilizado "para testes" e que seu uso nos carros "era ilegal". Além disso, segundo a "Bloomberg", os juízes da Saxônia abriram um processo contra o ex-CEO da marca Martin Winterkorn. Apesar de ter afirmado que não sabia do escândalo, ele renunciou ao posto para "dar um novo início" à empresa. Por causa da fraude, as ações da empresa na Bolsa de Valores de Frankfurt chegaram a apresentar queda de 8% durante o pregão.
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