Bombas israelenses mataram ao menos 17 civis no Líbano e cortaram uma importante via para o envio de ajuda humanitária ao sul do país. O conflito entre Israel e o Hezbollah continua nesta segunda-feira, enquanto o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tenta aprovar uma resolução para encerrar uma guerra que já dura 27 dias.
Os guerrilheiros do Hezbollah responderam disparando mais foguetes contra o norte de Israel, ferindo uma pessoa, um dia depois de foguetes terem matado 15 israelenses no dia mais sangrento para os israelenses no conflito.
A oposição do governo libanês ao projeto de resolução levou Estados Unidos e França a adiarem a votação do documento que poderia interromper os choques que mataram até agora pelo menos 925 pessoas no Líbano e 94 em Israel. Eles poderiam submeter para debate um texto revisado mais tarde nesta segunda.
Aviões israelenses atingiram o último ponto onde ainda era possível cruzar o rio Litani, entre Sidon e Tiro, cortando a principal rota de abastecimento para os civis do sul, disseram fontes de segurança. Um grupo internacional de ajuda humanitária afirmou que Israel não está dando garantias de segurança, paralisando assim a entrega de suprimentos e ajuda ao sul do rio Litani.
- Nossa última rota de abastecimento remanescente para Tiro e para o sul foi cortada - disse Christopher Stokes, diretor de operações do grupo Médicos Sem Fronteiras. Cerca de 22 mil pessoas continuam na região, menos de um quinto da população que ali vivia antes da guerra, segundo dados da ONU.
O Hezbollah - cuja captura em 12 de julho de dois soldados israelenses numa operação na fronteira detonou a crise - disse que continuará lutando enquanto Israel não parar seus bombardeios e retirar suas forças do Líbano.
O governo libanês exigiu que a resolução da ONU, apresentada pela França e os EUA, incluísse um pedido pela retirada imediata dos cerca de 10 mil soldados israelenses atualmente em seu território.
A China e a Rússia disseram que o texto deve ser revisto para ser mais atraente para o Líbano. Isso impediu que Paris e Washington apresentassem uma versão final do projeto de resolução, que poderia ter sido votado no Conselho de Segurança nesta segunda-feira.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, se reuniu com o alto escalão da defesa para discutir uma ampliação dos ataques aéreos e por terra em resposta aos ataques do Hezbollah de domingo, disseram fontes políticas.
O Exército israelense planejava atingir alvos estratégicos de infra-estrutura e símbolos do governo libanês em retaliação aos foguetes lançados no domingo pelo Hezbollah, afirmou o diário de esquerda Haaretz.
Os ataques aéreos israelenses já destruíram estradas, pontes, portos, aeroportos e outras instalações no Líbano, embora em muitas partes do país os serviços de energia elétrica, água e telefonia ainda estejam funcionando.
Israel espera que o Conselho da ONU aprove esta semana uma resolução que sirva para encerrar a sua ofensiva, mas que deixaria aberta a porta para bombardeios aéreos contra comboios transportando armas para o Hezbollah e suas unidades de lançamento de foguetes, disseram fontes do governo israelense.
O Líbano busca apoio de chanceleres do mundo árabe, que devem se reunir brevemente em Beirute. O presidente sírio, Bashar al-Assad, disse por telefone ao secretário-geral da ONU, Kofi Annan, que a instabilidade poderia se espalhar se uma resolução sobre o Líbano for aprovada sem que tenha a aprovação de todas as forças políticas libanesas.
As bombas israelenses atingiram duramente nesta segunda-feira subúrbios xiitas de Beirute, o vale do Bekaa e o sul do Líbano. Sete membros de uma família morreram num ataque aéreo à sua casa no vilarejo de Ghazzaniyeh, no sul do Líbano. Seis civis morreram em ações em Kfar Tibneet, Harouf e Ghaziyeh. Outra morte ocorreu no vale do Bekaa.