Rio de Janeiro, 20 de Dezembro de 2025

BC, em relatório, aponta pausa no processo de desinflação

"Há sinais de uma pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, disse a ata do BC. A autoridade monetária acrescenta que o movimento pode sinalizar convergência mais lenta da inflação à meta"

Terça, 25 de Outubro de 2016 às 12:18, por: CdB

"Há sinais de uma pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária”, disse a ata do BC. A autoridade monetária acrescenta que o movimento pode sinalizar convergência mais lenta da inflação à meta". "Nesse contexto, uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária", acrescenta

 

Por Redação, com Reuters - de Brasília

 

O Banco Central (BC) destacou, em relatório divulgado nesta terça-feira, que há sinais recentes de pausa no processo de desinflação de serviços. Em ata, o Comitê de Política Monetária (Copom) adota um tom mais duro em relação ao processo de corte dos juros básicos. Ressalta, ainda, que é preciso ter "persistência maior" na sua política.

bancocentral-2.jpgA Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter a inflação sob controle

"Há sinais de uma pausa recente no processo de desinflação dos componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico". A ata do BC também se refere "à política monetária”. A autoridade monetária acrescenta que o movimento pode sinalizar convergência "mais lenta da inflação à meta". "Nesse contexto, uma maior persistência inflacionária requer persistência maior da política monetária", acrescentou.

Primeiro corte

Segundo o BC, essa pausa já considera efeitos sazonais. E se dá "em níveis cuja manutenção produziria trajetória de desinflação". E acrescenta: "em velocidade aquém da contemplada no cenário básico do Copom".

"Esse cenário pressupõe uma trajetória de queda gradual à frente. Dessa forma, os membros do Comitê ressaltaram que é necessário monitorar a retomada dessa trajetória", acrescenta o BC.

Na última quarta-feira, o BC reduziu a Selic em 0,25 ponto percentual, a 14,00% ao ano, primeiro corte em quatro anos. Houve a avaliação que uma flexibilização moderada e gradual é compatível com a convergência da inflação para a meta de 4,5% pelo IPCA nos próximos dois anos. Na ata, o BC não fez referência se o comitê chegou a discutir corte de 0,5 ponto percentual na semana passada.

As taxas dos contratos de juros passaram a precificar chances maiores de corte de 0,25 ponto percentual em novembro. Anteriormente, o BC havia cortado 0,50 ponto percentual.

"O mais provável é que essa queda (da inflação de serviços) não apareça acelerada pelos argumentos que eles usam". A afirmação é do economista-chefe do Fator, José Francisco de Lima, para quem o BC reduzirá a Selic em 0,25 ponto no mês que vem.

Projeção

Em relação aos próximos passos que tomará, o BC repetiu que a magnitude do corte nos juros e possível intensificação de seu ritmo "dependerão de evolução favorável de fatores que permitam maior confiança no alcance das metas para a inflação no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui os anos-calendário de 2017 e 2018".

Também reiterou que para essa decisão irá avaliar a combinação de dois fatores: desinflação de serviços e evolução dos ajustes na economia. Na visão do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, o BC endureceu um pouco o discurso, indicando que há grande probabilidade de manter o ritmo de afrouxamento.

"Ele chamou muita atenção para a inflação de serviços, se mostrou muito preocupado com isso", afirmou. "Ele deixou a porta aberta para acelerar? Deixou. Mas eu acho que no balanço ele está pesando um pouquinho mais para manter (o corte) de 0,25."

Sobre o lado fiscal, o BC indicou que "há consenso no comitê de que a velocidade no processo de apreciação das propostas de ajustes tem excedido as expectativas", mas destacou, por outro lado, que "a natureza longa e incerta do processo sugere que há, ao mesmo tempo, risco e oportunidade".

Mais atenção

A ata apontou que o BC seguirá acompanhando esses esforços atentamente. Nesta terça-feira, a Câmara dos Deputados deve votar em 2º turno a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos. Há uma ampla expectativa no mercado financeiro de nova vitória do governo.

Para a economista da Tendências Alessandra Ribeiro, o tom da ata também foi de cautela em relação ao ajuste fiscal. Segue na linha de "segurar o mercado nesse otimismo total". Ela lembrou que o BC destacou projeções para a inflação no cenário de mercado como sinalização dos limites para o tamanho do corte.

"Tudo para sinalizar que tem pontos que exigem mais atenção, apontando para ciclo mais cauteloso. Então (corte de) 0,25 em novembro está bem no jogo. E aí com as projeções apontando inflação na meta, acelera o processo", afirmou. Ela tem expectativa de redução de 0,25 ponto em novembro. Isso aumentaria o ritmo para 0,5 ponto na primeira reunião do Copom do ano que vem, em janeiro.

Tags:
Edições digital e impressa