Rio de Janeiro, 29 de Dezembro de 2025

Base aliada se fragmenta e traições em massa assombram Michel Temer

Assessores mais próximos de Temer e da base aliada já trabalham com a hipótese de um elevado número de traições em Plenário.

Segunda, 17 de Julho de 2017 às 10:47, por: CdB

Assessores mais próximos de Temer e da base aliada já trabalham com a hipótese de um elevado número de traições em Plenário.

 

Por Redação - de Brasília

 

Embora tenha conseguido alternar a derrota certa para um escore positivo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, ao substituir 17 deputados que votariam pela admissibilidade da denúncia contra ele no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente de facto, Michel Temer, teria esgotado o repertório de truques para se manter no Palácio do Planalto. Os gastos, superiores a R$ 1,5 bilhão, em emendas parlamentares não teriam sido suficientes para assegurar a lealdade dos parlamentares nas denúncias que se seguem. Menos ainda na votação em Plenário, prevista para Agosto próximo.

camara-deputados-abr.jpgO número de traições tende a surpreender a base aliada, durante as votações pela admissibilidade das denúncias contra Temer

Ainda que legendas do campo conservador, entre elas o PP, PR, PRB, PSD e PTB tenham votado, em sua ampla maioria, contra a denúncia de corrupção passiva promovida pela Procuradoria Geral da República (PGR) junto ao STF, muitos desses deputados, após um período em suas bases eleitorais, durante o atual recesso, tendem a não resistir à pressão e votar favoravelmente ao afastamento de Temer.

Traições na
base aliada

Segundo apurou a reportagem do Correio do Brasil, até aqueles eleitores do campo evangélico, que apoiaram o golpe de Estado contra a presidenta Dilma Rousseff (PT), querem distância de Temer.

— Tenho ouvido, durante reuniões e cultos com grande número de fiéis, que o fim do governo Temer é iminente. E que isso pode ser a melhor alternativa para o país — disse um pastor evangélico, em condição de anonimato. A bancada evangélica, na Câmara, conta com 197 integrantes, segundo cálculos da Agência Publica e, de maneira em geral, vota uniformemente, apesar da legenda a que pertença o parlamentar.

O mesmo comportamento foi observado pela reportagem do CdB junto a outras bancadas. Para a maioria da bancada empresarial, que conta com 208 deputados ainda segundo pesquisa Publica, o fim da gestão Temer traria “um alívio” para a crise econômica.

— Teremos mais segurança jurídica para levar adiante os investimentos necessários, e força no Congresso para aprovar a reforma previdenciária, coisa que Temer não tem mais — disse um empresário fluminense, com assento na Câmara.

Novas denúncias

Diante dos fatos, que são de conhecimento da equipe de Temer, as traições tendem a se multiplicar na prova de fogo que o peemedebista enfrentará, em Plenário. Os dirigentes partidários da base aliada já admitem que não têm total controle sobre seus filiados. Com isso, muitos parlamentares tendem votar contra o governo. As defecções partem do próprio PMDB, partido de Temer, e do PSDB, principal avalista do governo no Congresso.

Sondagem promovida por integrantes do Planalto junto à base aliada revela que passa de 40 o número de deputados infiéis. Eles estão presentes no PMDB, PR, PTB, PSD, PRB e PP e deverão votar contra Temer. A hemorragia, no entanto, fica ainda mais difícil de ser contida, uma vez que ficou acintoso o movimento do governo na liberação de recursos públicos para as emendas parlamentares.

Já há denúncias em andamento contra a estratégia do governo, por tentativa de obstrução de Justiça.

Afastado

Aumenta, assim, a possibilidade de a Câmara dos Deputados autorizar a investigação. E, consequentemente, afastar Temer por um prazo de até 180 dias. E o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), segue na linha de se descolar do Palácio do Planalto.

— Presidente da Câmara é presidente da Câmara, não de um governo. Não cabe ao presidente da Casa cumprir o papel de defensor de uma agenda porque essa não é uma agenda da Casa. Meu papel no caso da denúncia é ser o árbitro desse jogo. Não é ser defensor de uma posição ou de outra. Não tem como ter uma posição nem para um lado nem para outro – disse Maia, recentemente, a jornalistas.

Uma vez afastado o atual inquilino do Palácio do Planalto, Maia assume a Presidência da República por até seis meses. Para que isso aconteça é necessário, antes, que a Câmara autorize abertura de processo no STF. E, em seguida, que o plenário do STF aceite a denúncia.

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