Barroso também disse acreditar que a eleição presidencial do ano que vem pode ajudar o país a “superar o trauma do impeachment”, referindo-se ao golpe de Estado, em curso no país.
Por Redação - de Brasília
A reforma política que foi recentemente aprovada pelo Congresso não é a reforma que precisava ser feita no Brasil. A afirmação, nesta segunda-feira, é do ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso.
— Não fizemos a reforma política que precisava ter sido feita — disse Barroso, em evento em São Paulo.
O ministro também saiu em defesa do voto distrital misto — sistema no qual, parte dos deputados é escolhido em eleição majoritária nos distritos —, que considerou a melhor opção para um Parlamento com maior representatividade.
— Temos um sistema em que eleitores não sabem quem elegeram e eleitos não sabem por quem foram colocados lá — disse, referindo-se ao atual modelo.
Barroso também disse acreditar que a eleição presidencial do ano que vem pode ajudar o país a “superar o trauma do impeachment”. Referia-se ao golpe de Estado, em curso no país. No entanto, afirmou que não tem a mesma esperança em relação à eleição para o Legislativo.
— Nas eleições parlamentares sou mais cético. Porque não mudamos as engrenagens que não induzem à desonestidade — disse.
Tempestade política
O ministro refutou, no entanto, a hipótese de uma crise entre judiciário e legislativo, afirmando que, na verdade, o supremo está exercendo um papel que não deveria, de tribunal criminal.
— O maior problema do Supremo Tribunal hoje, que o joga na tempestade política, é uma competência criminal que ele não deveria ter, funcionar como juiz criminal de primeiro grau — referindo-se a processos da classe política julgados pela Casa.
Para Barroso, não existe uma crise no Supremo; mas sim, o reflexo da crise política e econômica que atinge o país de modo geral.
— O Supremo em si não está (em crise). Temos uma crise política e ética no país. Seria ilusório achar que o Supremo sairia incólume — concluiu.