O cineasta brasileiro Hector Babenco, nascido na Argentina e homenageado no Festival de Cinema de Miami, onde apresentou seu mais recente filme, Carandiru, afirma ter pego o melhor de ambos os países para "fazer um grande 'blend'".
Babenco (O beijo da mulher aranha), uma das celebridades presentes no festival que teve início na última sexta-feira, recebeu em Miami um tributo por sua carreira.
"Transito tranqüilamente entre as duas culturas; deixei a Argentina aos 17 ou 18 anos porque não queria me alistar no Exército. Percebi que o mundo era maior do que eu imaginava e fui para a Europa, onde passei anos magníficos, com mil dificuldades, mil vicissitudes", contou à AFP em Miami-Beach.
"No dia em que decidi fazer cinema, fui para o Brasil. Acho que peguei o melhor da Argentina e do Brasil para fazer um grande 'blend'", comentou Babenco, 57 anos.
Ele se disse orgulhoso porque os brasileiros foram em massa assistir a seu filme. "Carandiru não é um típico filme de presídio, e sim um filme que aborda a prisão como um habitat obrigatório".
Sobre o cinema brasileiro, Babenco garante que sempre foi bem-recebido, tanto no Brasil quanto no exterior, e que agora surge novamente uma nova safra, com excelentes diretores.
"Existe também uma explosão de brasilidade por parte do público".
Entre os jovens cineastas, Babenco diz admirar Fernando Meireilles, de Cidade de Deus, que recebeu quatro indicações ao Oscar, e, principalmente, o mexicano Alejandro González Iñárritu.
"Acho que 21 Gramas é o melhor filme dos últimos anos", comentou, referindo-se ao filme do mexicano estrelado por Sean Penn e Benicio del Toro.