Vamos por partes, como dizia Jack, o Estripador.
A resistência à aplicação da lei celerada da deforma trabalhista se dá em três níveis articulados entre si e modulados no tempo
Por João Guilherme Vargas Netto – de São Paulo:
O primeiro nível é o do confronto nas próprias empresas e nas negociações salariais em curso (ordinárias ou extraordinárias) com as direções sindicais organizando os trabalhadores para a resistência às agressões concretas.
Um exemplo: embora a lei não obrigue à realização de homologações nos sindicatos; isto deve e pode ser obtido no curso de negociações e com a pressão dos trabalhadores e dos sindicatos; esta vitória implica na possibilidade séria da revisão das próprias demissões efetuadas.
Luta
Outro nível é o da luta jurídica a partir de instâncias judiciais inferiores; contestando a lei em suas ilegalidades e inconstitucionalidades flagrantes e desmascarando suas contradições. Intuitivamente os trabalhadores e seus advogados assim o fizeram com a epidemia de ações nas vésperas da vigência da lei. A malha jurídica, de baixo para cima; deve ser analisada em razão de nossos interesses e de acordo com o posicionamento público dos juízes.
O terceiro nível é o da luta no Congresso Nacional ocasionada pela medida provisória retificadora enviada pelo Executivo e que; contrariando a esperteza apressada dos autores, provocou entre os parlamentares a efetivação de 900 emendas que podem; em alguns aspectos, estorvar a lei original e a própria medida provisória.
Outra luta que deve ser travada e se combina com a dos três níveis descritos acima; é a luta intransigente contra a deforma previdenciária; mesmo em sua versão Black Friday. Nesta luta, os trabalhadores têm mais percepção dos danos futuros porque o governo e o “mercado” têm perdido a batalha da comunicação.
Os trabalhadores
Os trabalhadores e suas direções contam com o apoio instintivo da massa de milhões e não devem cometer o erro primário de buscar uma bala de prata, por mais excitante que isso se mostre.
Se evitarmos táticas grandiloquentes e pouco efetivas e adotarmos as táticas de pressão homem a homem e de manifestações unitárias, pontuais e articuladas, poderemos evitar a aprovação da deforma, apesar das dificuldades decorrentes da correlação de forças congressual e do próprio empenho eleitoreiro e egoísta do presidente Temer com a deforma.
João Guilherme Vargas Netto, é consultor sindical de diversas entidades de trabalhadores em São Paulo.