Rio de Janeiro, 30 de Dezembro de 2025

Aécio Neves segue com passaporte retido mesmo com mandato de volta

Por ordem do ministro Marco Aurelio Mello, Aécio Neves volta ao Senado, mas ainda responde a processo no âmbito da Operação Lava Jato.

Sexta, 30 de Junho de 2017 às 10:52, por: CdB

Por ordem do ministro Marco Aurelio Mello, Aécio Neves volta ao Senado, mas ainda responde a processo no âmbito da Operação Lava Jato.

 

Por Redação - de Brasília

 

Embora tenha recebido de volta o mandato, do qual foi afastado por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), a mando do ministro Edson Fachin, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) se mantém afastado da Presidência da legenda. Mesmo de volta à Casa legislativa, no entanto, o processo contra ele segue normalmente. Neves responde por corrupção passiva, entre outros crimes, no âmbito da Operação Lava Jato.

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Aécio Neves (PSDB-MG) foi autorizado a voltar ao Senado, por ordem do ministro Marco Aurelio Mello, do STF

A determinação para que o candidato derrotado em 2014 voltasse ao gabinete partiu do ministro do STF Marco Aurelio Mello. O magistrado revogou a decisão do ministro Fachin. Com a decisão de Mello, o recurso da Procuradoria-Geral da República (PGR) que pedia a prisão do tucano, também foi derrubado.

Afastado desde 18 de maio, o senador tucano foi investigado pela Polícia Federal (PF) na Operação Patmos, originada a partir das delações da empresa JBS. Ele foi denunciado ao Supremo pelos crimes de corrupção e obstrução da Justiça. Na denúncia, a PGR acusa Aécio de solicitar R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, um dos delatores da JBS.

Situação jurídica

Em seu despacho, Mello afirmou que não cabe o STF decidir pelo afastamento do senador, por "inexistência de flagrante", "muito menos, por ordem monocrática, afastar um parlamentar do exercício do mandato", e que a decisão anterior afeta o equilíbrio e a independência dos Três Poderes.

No documento, porém, Marco Aurélio assegura a continuidade das investigações. Uma vez concluídas, o processo segue ao Plenário do STF. Neves continua proibido de deixar o país e de fazer contato com outros investigados ou réus no processo. Entre eles a irmã, Andrea Neves, atualmente em prisão domiciliar, na capital mineira.

"Provejo o agravo para afastar as medidas consubstanciadas na suspensão do exercício de funções parlamentares ou de qualquer outra função pública, na proibição de contatar outro investigado ou réu no processo e na de ausentar-se do país, devolvendo ao agravante a situação jurídica que lhe foi proporcionada pelos eleitores no sufrágio universal", diz a decisão.

Trama

O senador Aécio Neves chegou a ser flagrado, em uma escuta telefônica, pressionando o governo Michel Temer a afastar o diretor da Polícia Federal, Leandro Daiello. Apesar da pressão do ex-integrante do Tribunal Superior Eleitoral Torquato Jardim, hoje no comando do Ministério da Justiça, Daiello permanece no cargo.

Em diálogo gravado entre Neves e o empresário Joesley Batista, em 24 de março, como parte do acordo de delação premiada, o senador mineiro sugere que o governo deveria aproveitar a crise gerada pela Operação Carne Fraca e demitir o diretor da PF.

— Não vai ter outra (oportunidade). Porque nós nunca tivemos uma chance onde a PF ficou por baixo, né? — disse o dono da JBS.

Com o que Aécio Neves concordou:

— Aí vai ter quem vai falar, ‘é por causa da Lava Jato’. (O governo pode responder) ‘Não, é por causa da Carne Fraca'”.

— Tem que tirar esse cara — disse Joesley.

Aécio repete:

— Tem que tirar esse cara.

Aécio e Temer

A gravação foi entregue por Joesley Batista ao Ministério Público Federal no acordo de delação premiada de Wesley Batista. A fita foi homologada e retirado o sigilo do conteúdo. Em razão do que foi apresentado por Joesley, o ministro Fachin, relator da Lava Jato, afastou Aécio Neves do mandato de senador, em 18 de Maio último.

Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Aécio e o presidente Michel Temer agiam em conjunto para impedir o avanço da Lava Jato. Embora o Ministério Público tenha pedido a prisão do tucano, Fachin o rejeitou. Com o fatiamento do processo, no entanto, a causa teve o destino do gabinete de Marco Aurelio Mello.

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