Rio de Janeiro, 28 de Dezembro de 2025

Ação humana contribuiu para seca na Amazônia, diz estudo

A ação humana contribuiu para intensificar o período de seca na Amazônia em 2016, que bateu o recorde de pior em 100 anos, mostrou um estudo

Sexta, 04 de Agosto de 2017 às 10:10, por: CdB

Desmatamento e aquecimento provocado pela emissão de CO2 agravaram falta de chuvas na região, apontam cientistas. Futuras secas podem se tornar mais severas e mais frequentes, alertam

Por Redação, com DW - de Brasília:

A ação humana contribuiu para intensificar o período de seca na Amazônia em 2016, que bateu o recorde de pior em 100 anos, mostrou um estudo da Universidade de Connecticut, publicado recentemente na Scientific Reports, da editora da revista Nature.

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A ação humana contribuiu para intensificar o período de seca na Amazônia em 2016

Entre as secas na região analisadas pelos pesquisadores, de 1983, 1998, 2005,  2010 e 2016, a do ano passado foi a primeira que não pôde ser explicada somente pelo aumento da temperatura da superfície dos oceanos. Incluindo mudanças causadas pelo fenômeno do El Niño. Isso "sugere fortemente" que o desmatamento e a mudança climática causados pelo homem contribuíram para tornar a seca ainda mais severa.

– Temperaturas acima do normal da superfície oceânica na região tropical do Pacífico e no Atlântico foram os principais causadores de secas extremas na América do Sul. Mas não explicam a severidade da falta de chuva em 2016 em uma porção substancial da Amazônia e do Nordeste – diz o estudo.

– Isso sugere fortemente uma contribuição potencial de fatores não oceânicos (como mudanças na cobertura da terra e aquecimento por emissões de dióxido de carbono) para a seca de 2016 – conclui.

As secas de 2005 e 2010 também foram recordes num período de 100 anos. Mas puderam ser melhor previstas pelo modelo dos pesquisadores, que não considerava a contribuição humana, do que a seca de 2016.

Efeitos do desmatamento

Com o aumento do desmatamento, que cresceu quase 30% passado, "futuras secas podem se tornar mais severas e mais frequentes". Afirmou uma das autoras do estudo, Guiling Wang à agência alemã de notícias DW.

O desmatamento agrava períodos de seca porque a perda da cobertura vegetal reduz a transferência de água para a atmosfera. A chamada evapotranspiracão (evaporação do solo somada à transpiração das plantas), resultando em menos chuvas.

Com cada vez mais secas recordes. O que o futuro reserva para a Floresta Amazônica? As secas recorrentes em períodos curtos de tempo afetam a recuperação do ecossistema. O que aumenta o risco de queimadas e mortalidade das árvores. As secas de 2005 e 2010, por exemplo, resultaram em recordes de queimadas e emissões de carbono.

Floresta

Um fator importante a observar é o chamado "ponto de inflexão" da floresta. "Algumas pesquisas mostram que uma vez que o desmatamento ultrapassa um limite. Ele pode sustentar uma forte dinâmica entre vegetação e clima que pode levar a seca e morte da floresta tropical em um período relativamente curto". Afirma Wang.

Esse fenômeno seria preocupante não só para a biodiversidade da Amazônia. Mas poderia ter impactos sobre a falta de água em outras regiões do país. Cientistas já apontaram que o desmatamento na Amazônia prejudica a rota dos chamados rios voadores, grandes nuvens que levam a umidade para outras regiões do Brasil. Incluindo as mais populosas como o Sudeste.    

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