Refugiados bloqueiam ferrovia entre Grécia e Macedônia
Após serem impedidos de seguir adiante por causa de uma política de triagem de refugiados nos Bálcãs que tem levantado preocupações sobre o respeito aos direitos humanos, marroquinos, iranianos e paquistaneses retidos na fronteira norte da Grécia.
Segunda, 23 de Novembro de 2015 às 09:41, por: CdB
Por Redação, com Reuters - de Idomeni,Grécia:
Após serem impedidos de seguir adiante por causa de uma política de triagem de refugiados nos Bálcãs que tem levantado preocupações sobre o respeito aos direitos humanos, marroquinos, iranianos e paquistaneses retidos na fronteira norte da Grécia com a Macedônia bloquearam o tráfego ferroviário e exigiram passagem para a Europa Ocidental nesta segunda-feira.
Um iraniano que se declarou em greve de fome, se despiu até a cintura, costurou os lábios com nylon e sentou-se na frente de uma linha de policiais macedónios.
Imigrantes sentados nos trilhos de ferrovia na fronteira entre Grécia e Macedônia, com placa escrito "abram a fronteira"
Questionado pela agência inglesa de notícias Reuters sobre aonde queria ir, o homem, de 34 anos, engenheiro elétrico, que disse chamar-se Hamid, respondeu: "Para qualquer país livre no mundo. Não posso voltar. Vou ser enforcado."
Depois de chegar de barco e bote à Grécia, vindos da Turquia, centenas de milhares de imigrantes, muitos deles sírios fugindo da guerra, têm caminhado por toda a península dos Bálcãs, indo para os países mais ricos da Europa setentrional e ocidental, principalmente a Alemanha e a Suécia.
Na semana passada, no entanto, a Eslovênia, membro da zona de Schengen, na qual se pode viajar pela Europa sem passaporte, declarou que só iria garantir a passagem para aqueles que fogem do conflito na Síria, no Iraque e no Afeganistão, e que todos os outros "imigrantes econômicos" seriam mandados de volta.
Isso levou os outros países da rota, Croácia, Sérvia e Macedónia, a fazerem o mesmo, deixando um número crescente empacado em tendas e em torno de fogueiras nas fronteiras dos Bálcãs, num momento em que o inverno se aproxima.
Grupos pró-direitos humanos questionaram essa política, alegando que o asilo deve ser concedido com base no motivo, e não em função da nacionalidade.
– Classificar toda uma nação como de imigrantes econômicos não é um princípio reconhecido no direito internacional – disse Rados Djurovic, diretor do Centro de Proteção ao Asilo, com sede em Belgrado.
– Corremos o risco de violar os direitos humanos e o direito de asilo – declarou à televisão estatal sérvia.
A nova medida coincide com a crescente preocupação, especialmente dos políticos de direita na Europa, sobre o risco do fluxo caótico e muitas vezes sem controle de pessoas para a Europa, no rescaldo dos ataques de 13 novembro em Paris por militantes islâmicos, nos quais 130 pessoas morreram.
Foi constatado que dois suicidas envolvidos nos ataques fizeram a mesma rota dos imigrantes que chegam de barco à Grécia e, em seguida, viajaram para o norte através dos Bálcãs. A maioria dos extremistas, no entanto, era cidadão da França ou da Bélgica.
Fluxo migratórioO governo da Alemanha esperava que o intenso fluxo migratório diminuísse com a chegada do inverno. No entanto, serviços de inteligência preveem que o agravamento da situação na Síria aumente o número de refugiados, afirmou o jornal alemão Welt am Sonntag no domingo.De acordo com o jornal, a Organização Internacional para Migrações (OIM) também espera um aumento no número de refugiados nos próximos meses, e não um decréscimo. Da mesma maneira, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) reconheceu que mais pessoas podem decidir fazer a jornada rumo à Europa.A guerra civil já deixou cerca de 7,6 milhões de pessoas deslocadas dentro do território sírio, e mais de 4 milhões foram obrigadas a deixar o país.A informação de que o número de migrantes em direção à União Europeia (UE) deve aumentar foi divulgada no mesmo dia em que a primeira neve deste outono caiu em algumas regiões da Alemanha, incluindo a Baviera.Autoridades estão se esforçando para adequar abrigos de refugiados para o inverno, no entanto, ainda há muitas deficiências, afirmou a agência de notícias DPA. Na fronteira da Alemanha com a Áustria, por exemplo, as barracas usadas para abrigar refugiados que desejam entrar no país não são apropriadas para o frio.
Diversos estados alemães, incluindo Saxônia, Renânia do Norte-Vestfália e Brandemburgo, já disseram que os migrantes deverão permanecer em barracas durante o inverno, mas essas serão aquecidas e terão água quente. Na Europa, o Acnur e outras agências também se preparam para o inverno e procuram fornecer aos migrantes abrigo e cobertores.
O alto comissariado alertou ainda que as restrições de diversos países colocam em risco refugiados que são impedidos de seguir viagem pela rota dos Bálcãs.– Isso está se tornando insustentável, principalmente, diante da queda de temperatura – ressaltou o Acnur.A UE advertiu no início do mês que, com a aproximação do inverno, há a iminência de uma catástrofe humanitária para milhares de refugiados.
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