Tsipras aprova novas reformas

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Publicado Quinta, 23 de Julho de 2015 às 10:24, por: CdB
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Após a votação, Alexis Tsipras parece dispor de uma ampla maioria no parlamento para dar continuidade ao processo de reformas
Uma votação passar da meia-noite no parlamento grego não é algo incomum. Mas, desta vez, os deputados ultrapassaram todos os limites: apenas às 4h30 (horário local) desta quinta-feira o resultado da votação sobre o segundo pacote de reformas exigido pela zona do euro ficou claro: 230 votos a favor, 63 contra e cinco abstenções. Com isso, o primeiro-ministro Alexis Tsipras parece dispor de uma ampla maioria no parlamento para dar continuidade ao processo de reformas. O chefe de governo, no entanto, não conta com o apoio integral do próprio partido, o Syriza – 36 deputados da legenda de esquerda radical votaram contra as medidas. Tsipras só pôde levar adiante as exigências de reforma com a ajuda da oposição. O voto de Varoufakis Tsipras havia passado pela mesma situação na semana passada, durante a votação do primeiro pacote de austeridade imposto pelos credores. Na ocasião, 39 deputados do Syriza disseram não às reformas. Por fim, parlamentares próximos a Tsipras acabaram por aumentar a pressão sobre o "movimento rebelde" dentro do partido, fortalecendo o líder da legenda. Mas com um sucesso modesto, afirma o analista político Pavlos Tsimas. - No geral, não tivemos nenhuma mudança significativa em comparação com a semana passada - afirmou em entrevista a um canal de televisão grego. Apenas o ex-ministro das Finanças Yanis Varoufakis, que ensaiou uma insurreição na primeira votação, desta vez votou a favor do corte de gastos. - O fato de justamente Varoufakis ter concordado com o sim é a maior surpresa da noite e também um grande ganho para Tsipras – se é que se pode designar Varoufakis como um ganho - afirma o analista. O melhor está por vir A aprovação dos dois primeiros pacotes de medidas, na quarta-feira da semana passada e na madrugada desta quinta, era uma exigência dos credores europeus para iniciar as negociações sobre um terceiro pacote de resgate à Grécia, estimado em cerca de 86 bilhões de euros. As negociações têm de ser concluídas até 20 de agosto. Este é o prazo para a Grécia devolver 3,2 bilhões de euros em empréstimos do Banco Central Europeu (BCE). - O mais difícil ainda está por vir, algo que ainda não nos damos conta - alertou Alexis Papachelas, diretor do jornal Kathimerini, em entrevista a um canal televisivo. A questão agora é negociar um pacote de resgate detalhado até meados de agosto. Experiências anteriores mostram, no entanto, que é difícil manter um calendário rigoroso quando se trata da Grécia. - Eu temo que nós sigamos sob pressão e, no meio de agosto, talvez sejamos forçados a requerer um novo empréstimo emergencial - explica. Possível renúncia Enquanto isso, a revolta interna no Syriza parece ter sido adiada, mas, na verdade, não terminou. Num discurso inflamado antes do início da votação, a presidente do parlamento, Zoe Konstantopoulou, que é membro do Syriza, apelou pela rejeição das medidas de austeridade. Ele classificou as reformas como "chantagem flagrante" dos líderes da União Europeia, que ofendem o parlamentarismo, a soberania popular e a democracia na Grécia. Konstantopoulou avisou que vai levar o assunto para seus colegas europeus e exigiu apoio ao presidente grego, Prokopis Pavlopoulos. Numa breve declaração, o chefe de Estado disse não ser responsável por tal procedimento. Assim, foi agendada para esta quinta-feira uma reunião entre Konstantopoulou e Tsipras. Em Atenas, começam a circular boatos de que a presidente do parlamento poderia renunciar ou ser forçada a deixar o cargo. Líder oposicionista Durante o debate parlamentar, uma longa guerra verbal foi travada entre Tsipras e o líder conservador da oposição, Evangelos Meimarakis. Depois de alguns parlamentares de esquerda terem acusado os parceiros europeus de terem arquitetado um golpe contra o Estado grego e Konstantopouloutere chamado os credores de "criminosos contra a humanidade", Meimarakis foi irônico: "Os rebeldes e criminosos acabaram de nos enviar 7 bilhões de euros para podermos cumprir com as nossas obrigações mais urgentes". Depois do ex-primeiro-ministro Antonis Samaras ter jogado a toalha devido ao resultado do referendo no início do mês, Meimarakis era visto como uma solução temporária para representar a ala conservadora no parlamento grego. Mas ele parece estar se saindo bem. Numa declaração conjunta, nesta quarta-feira, ele recebeu apoio de 48 deputados conservadores, de um total de 76, para continuar conduzindo o partido.
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