Temer reconhece que luta contra o golpe aumenta no Congresso

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Publicado Quarta, 09 de Novembro de 2016 às 13:45, por: CdB

Atual inquilino do Palácio do Planalto, Temer ressaltou que a intenção da proposta é igualar a aposentadoria de todos, no setor público e privado, e também dos políticos. Mas que o governo trabalha em uma proposta "absorvível"

 

Por Redação - de Brasília

 

O presidente de facto, Michel Temer, admitiu pela primeira vez desde que passou a ocupar o cargo da presidenta deposta Dilma Rousseff, nesta quarta-feira, que a correlação de forças no Congresso colocam em dúvida a aprovação de uma reforma na Previdência. Em entrevista a uma rádio de Minas Gerais, o vice de Dilma concorda que a tramitação da matéria, em Plenário, não será tranquila.

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Michel Temer chegou no fim da linha após admitir que pediu dinheiro a empreiteiro

— Você me pergunta, 'vai tramitar tranquilamente'? Eu digo não. As pessoas pensam que se o governo propôs um projeto não vai haver modificação nenhuma. Nós vamos propor um projeto. Isso vai ser discutido amplamente pelo Congresso, que vai definir se mantém isso ou aquilo — disse Temer.

'Absorvível'

O atual inquilino do Palácio do Planalto ressaltou, ainda, que a intenção da proposta é igualar a aposentadoria de todos, no setor público e privado, e também dos políticos. Mas que o governo trabalha em uma proposta "absorvível".

— Vamos igualar a todos. Mas temos fortíssimas regras de transição. Essas regras significam que essas coisas serão feitas ao longo do tempo. Vamos fazer uma coisa absorvível, que o povo possa absorver, que a classe política possa absorver — afirmou.

Sustentabilidade

O governo já admite que a reforma a ser feita será a possível. O país terá que mexer de novo nas regras em 10 ou 15 anos, admitiu também. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha , coordenador do grupo de trabalho sobre a reforma, confirmou que as mudanças, caso aprovadas, serão as que a população tem condições de aceitar agora.

— Com todo o esforço projetado ainda ficaremos longe da sustentabilidade e da autossuficiência do sistema. O déficit vai permanecer. Daí porque tenho dito que não estamos propondo a reforma necessária, a que garantiria a sustentabilidade, mas aquela que os assegurados possam suportar, a reforma possível — disse o ministro.

‘Consertar as coisas’

Segundo Temer, na entrevista, o déficit previdenciário este ano é de R$ 150 bilhões. A projeção para 2017 é de R$ 180 bilhões.

— Nenhum país aguenta isso. Então, se não fizermos alguma coisa para arrumar a casa não há como consertar as coisas — disse.

Temer confirmou que enviará a reforma ao Congresso ainda esta ano. Mas admitiu que a discussão deverá acontecer apenas em 2017. O governo espera a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos no Senado para então enviar o texto da reforma. A intenção é não ter dois temas difíceis tramitando ao mesmo tempo.

O presidente defendeu também a PEC do teto de gastos. Ao ouvir do interlocutor que alguns chamam a proposta de "PEC da morte", Temer afirmou que para ele é a "PEC da vida".

— Temos um déficit de R$ 170 bilhões. Isso significa quase 70% do Produto Interno Bruto. Se não cuidarmos, nas projeções que estão sendo indicadas, em 2023, 2024 será 100%. O Estado brasileiro irá à falência. A contenção de gastos é fundamental para o país — disse.

Empreiteira

Questionado sobre o risco de ter a chapa com Dilma Rousseff cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral, Temer afirma não ter receio. Ele acusa o PT de tentar influenciar o julgamento para que ele seja punido. A defesa da ex-presidente Dilma Rousseff entregou documentos ao TSE para mostrar que uma doação de um milhão de reais feita pela empreiteira Andrade Gutierrez foi feita através da campanha do então vice-presidente.

Temer afirma que a doação foi oferecida pela empreiteira, legalmente, e não procurada por ele.

— A esta altura, a ex-presidente não poderá ser afastada. O que fazem é tentar jogar em cima do vice para que ele seja afastado do cargo. Mas isso não acontecerá — acredita.

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