Temer mantém silêncio e eleva risco de traição na base aliada

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Publicado Sábado, 05 de Dezembro de 2015 às 13:01, por: CdB

Outro episódio que sinalizou para uma possível traição de parte do PMDB, no Congresso, foi o pedido de demissão do ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha

Por Redação - de Brasília O distanciamento entre o vice-presidente Michel Temer e a presidenta Dilma Rousseff, nas últimas 48 horas, eleva o risco de traição e um eventual golpe de Estado promovidos por parlamentares da base aliada. Segundo observadores da cena política, os setores progressistas e comprometidos com o Estado democrático de direito correm o risco de não ter votos suficientes para barrar o processo de impedimento. Segundo nota veiculada em um diário conservador paulistano, neste sábado, Temer teria uma reunião marcada com o governador tucano Geraldo Alckmin, na trama contra Dilma Rousseff.
Temer-repweb.jpgTemer tem sido apontado como um dos articuladores de um golpe contra a presidenta Dilma
Temer, na reunião não confirmada com Alckmin, segundo o jornal, tende a repetir o que disse a senadores do PSDB em Brasília: em caso de impeachment, buscará um governo de "união nacional". E não será candidato à reeleição em 2018, deixando a vaga para o governador paulista. Em outubro, parlamentares ligados a Temer procuraram Alckmin para dizer a mesma coisa. O governador ouviu – mas preferiu se manter equidistante na cena política. Traição à vista Outro episódio que sinalizou para uma possível traição de parte do PMDB, no Congresso, foi o pedido de demissão do ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha – um dos peemedebistas mais próximos do vice-presidente Michel Temer. A decisão de Padilha pegou de surpresa o Palácio do Planalto e acendeu um alerta de que a aliança com o PMDB, em um momento que a presidente Dilma Rousseff mais precisa, possa estar fraquejando, disseram fontes à agência inglesa de notícias Reuters. Padilha protocolou na noite de quinta-feira sua carta de demissão na Presidência da República depois de tentar, e não conseguir, ser recebido pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. Ainda na quarta-feira, o comunicou a outros peemedebistas que iria sair do governo. A gota d'água teria sido a decisão da presidente Dilma de mandar retirar do Senado a indicação feita por Padilha de Juliano Noman para uma diretoria da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A nomeação teria sido feita com o aval da presidente, e a volta atrás incomodou o ministro. No entanto, peemedebistas próximos a Padilha confirmam que a descortesia foi apenas uma desculpa. — Ele estava se sentindo incomodado e constrangido pela forma que o governo estava tratando a questão do impeachment — disse à Reuters um ex-ministro peemedebista. Padilha fez parte da reunião de coordenação política ampliada, chamada pela presidente na quinta-feira. O tom do encontro foi de cobrança para que os ministros saíssem a campo em defesa absoluta do governo. O ministro teria se sentido incomodado. Fiel a Michel Temer, que tem mantido uma distância protocolar da presidenta, Padilha não se sentia confortável para defender, mas nem livre para criticar o governo, revelou a fonte. A posição oficial do governo é que não há risco de um desembarque em massa do PMDB do governo e que os demais ministros mostraram fidelidade à Dilma, mas há sim o temor de que outros sigam o caminho de Padilha, disse uma fonte palaciana. O ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves – outro considerado da cota de Temer no governo – poderia ser a segunda baixa. Setores do PMDB pressionam Alves a deixar o cargo, mas ele resiste, contou uma fonte do partido. O ministro foi um dos que mais brigaram para permanecer no governo na última reforma ministerial, arrebanhando apoios na bancada do PMDB e entre o grupo de Michel Temer para forçar sua permanência, e não estaria disposto a sair por enquanto. — Vamos ver quanto tempo ele resiste — comentou a fonte. Sem agenda Segundo o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), a demissão de Padilha foi um ato de cunho pessoal e não afeta todos os ministros do partido. Picciani tem na sua conta duas indicações, Celso Pansera, da Ciência e Tecnologia e Marcelo Castro, da Saúde. — Os ministros estão 100% com o governo. Não existe nenhuma possibilidade de pedirem demissão — disse Picciani, referindo-se a Castro e Pansera. A jornalistas, o ministro da Saúde afirmou que o PMDB está com o governo e vai atuar alinhado na defesa da presidente na comissão especial que analisará o processo  de impeachment na Câmara. — O PMDB não é um partido golpista. A história do partido é em defesa da democracia, lutou pelas Diretas, pelo estado democrático de direito, essa é a marca do PMDB — disse Castro. Na sexta-feira, Padilha foi para Porto Alegre sem agenda oficial. O ministro não atendeu a ligações dos repórteres e evitou eventos públicos. Por meio da sua assessoria, afirmou que só falaria no assunto depois de conversar com a presidenta, na segunda-feira, mas não negou as informações de que estaria saindo do governo.
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