Jovem morre no noroeste do país, enquanto oposicionistas atacam e incendeiam homem em Caracas. Presidente Nicolás Maduro classifica adversários de "mercenários" e volta a acusar EUA de interferência no país
Por Redação, com DW - de Caracas:
Um jovem manifestante morreu com um tiro no peito, elevando para 48 o número de mortos em sete semanas de protestos contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, comunicaram no domingo as autoridades locais.
A morte ocorreu na cidade de Valera, no noroeste do país. Segundo comunicado da Procuradoria-Geral, pistoleiros abriram fogo no sábado contra uma manifestação antigoverno. Edy Alejandro Terán Aguilar, de 23 anos. Ele recebeu uma bala no peito. Também ficaram feridos no tiroteio um homem de 18 anos e uma mulher de 50 anos.
Além disso, o Ministério Público (MP) venezuelano divulgou que um homem de 22 anos de idade foi queimado vivo durante uma manifestação da oposição. O ataque ocorreu no sábado, em Chacao, no leste de Caracas. A vítima, Orlando José Figuera, encontra-se hospitalizado com seis ferimentos por arma branca e queimaduras de primeiro e segundo grau em 80% do corpo.
O ministro da Informação da Venezuela, Ernesto Villegas, publicou no Twitter um vídeo que mostra o incidente com Figuera. "A crescente insanidade. Um ser humano é incendiado numa 'manifestação pacífica'." O Ministério Público anunciou a abertura de uma investigação para averiguar o ataque. Segundo a imprensa local, um grupo de manifestantes identificou o rapaz como um suposto ladrão.
Maduro: "mercenários" e Trump manipulador
O governo Maduro responsabilizou a oposição, indicando que a vítima foi agredida depois de acusações de ser "chavista". Sendo espancada, esfaqueada e queimada "como fazem os terroristas do Estado Islâmico (EI)". O presidente venezuelano culpou os "líderes de grupos de mercenários" pela violência. Afirmando que vários deles já estavam na prisão.
Maduro também reiterou suas alegações de que o presidente dos EUA, Donald Trump, estaria por trás dos problemas do país. Segundo ele, Trump teria suas mãos "profundamente dentro desta conspiração que visa tomar o controle política da Venezuela".
O monitor não governamental Foro Penal registra que, desde que os protestos começaram, em 1º de abril. Centenas de pessoas sofreram ferimentos e cerca de 2.200 foram detidas, das quais 161 estão presos sob ordens de tribunais militares.
Sete de cada dez venezuelanos rejeitam a liderança de Maduro, de acordo com pesquisas de institutos privados, em meio à devastação econômica generalizada agravada pela queda dos preços do petróleo em 2014, principal fonte de receita da Venezuela.