Nascidas para morrer: Estado Islâmico mostra crianças suicidas

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Publicado Segunda, 22 de Fevereiro de 2016 às 09:27, por: CdB

 

Ao contrário de outros grupos terroristas, incluindo o Boko Haram, que tendem a esconder a utilização de crianças em ataques suicidas

  Por Redação, com Sputnik Brasil - de Beirute:  

As crianças são uma parte da estratégia dos terroristas do Estado Islâmico, que enviam dezenas de meninos e meninas à morte e se gabam disso nas redes sociais, escreveu a revista alemã Der Spiegel no último sábado.

 Um menino beija a mão do pai e sobe em um veículo blindado carregado de explosivos. Momentos depois, ele sai em uma missão suicida que termina em uma enorme bola de fogo, nos arredores de Aleppo.
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As crianças são uma parte da estratégia dos terroristas do Estado Islâmico
Ele é um dos 89 combatentes adolescentes e homens-bomba mortos durante a realização de operações dos militantes entre 1 de janeiro de 2015 e 31 de janeiro de 2016, de acordo com um relatório publicado na sexta-feira pelo Centro de Combate ao Terrorismo junto à Academia Militar dos EUA em West Point, relatou a Der Spiegel. Ao contrário de outros grupos terroristas, incluindo o Boko Haram, que tendem a esconder a utilização de crianças em ataques suicidas, os jihadistas na Síria postam regularmente as imagens, campos de treinamento onde rapazes muito novos são treinados para combater e matar. De acordo com o relatório, dos 89 casos, 39 %  morreram após detonarem um dispositivo explosivo improvisado, 33 %  foram mortos em combate nas operações de guerra, 6 %  morreram enquanto trabalhavam como propagandistas incorporados em unidades, e 4 %  cometeram suicídio em ataques em massa contra civis. Para além disso, 18 %  morreram durante operações de resgate, onde um grupo de combatentes se infiltraram e atacaram uma posição inimiga usando armas automáticas leves antes de se matar detonando cintos de explosivos. Cerca de 60 %  dos que morreram, a maioria deles iraquianos e sírios, foram categorizados como "adolescentes», que significa idades entre 12 e 16 anos. Outros vieram do Iêmen, Arábia Saudita, Tunísia, Líbia, Reino Unido, França, Austrália e Nigéria.
 A taxa de morte das crianças está aumentando. Em janeiro passado, seis crianças morreram em operações suicidas e, em janeiro deste ano, o número aumentou para 11 crianças.

O número de ataques suicidas que envolvem crianças triplicou no último ano e é provável que esta tendência perturbadora continue, advertiram os autores.

– As crianças estão lutando ao lado, não em vez de, homens adultos – disse o estudo. Mesmo se os terroristas do EI forem eventualmente esmagados pela força militar, a reintegração de toda uma geração de crianças que sofreram uma lavagem cerebral pode demorar bastante, observaram os autores.

Príncipes sauditas

A luta interna pelo poder na Arábia Saudita tem se acirrado ao longo dos últimos meses, com várias figuras do alto escalão na monarquia se enfurecendo com o envolvimento militar do reino no Iêmen e com uma possível operação terrestre na Síria, segundo observou o analista político francês Alain Rodier em artigo para a revista Atlantico. O país não vai bem. Além dos baixos preços do petróleo que estão arruinando a economia saudita, a operação militar de Riad no Iêmen, contra os rebeldes xiitas houthis, não mostra sinais de acabar, e o reino começa a perder seus soldados e aviões. Ao mesmo tempo, a Arábia Saudita parece estar planejando uma operação militar na Síria com a Turquia, segundo Rodier. Em 13 de fevereiro, o governo saudita enviou 30 bombardeiros para uma base militar na Turquia. Enquanto isso, as forças turcas já começaram a bombardear os curdos no norte da Síria, alegando a necessidade de proteger a segurança da Turquia contra “grupos terroristas”.
Se os sauditas decidirem se envolver em uma operação terrestre na Síria, teriam que usar suas forças especiais, segundo observa o analista francês, já que Riad já está usando sua infantaria pesada no Iêmen e perto da fronteira com o Iraque. Neste caso, ainda segundo Rodier, as forças sauditas ficariam cara-a-cara com os membros da Guarda Revolucionária iraniana que estariam operando na Síria e, então, ninguém poderia prever o que aconteceria em seguida no Oriente Médio.

– A intimidação [provocada] por Mohammad bin Salman [o vice-príncipe herdeiro da Arábia Saudita e ministro da Defesa do país] está começando a irritar muitos outros membros da família real saudita – disse Rodier.

Segundo ele, muitos no governo saudita acreditam que as ações imprudentes do príncipe, particularmente no que diz respeito à sua política agressiva e belicosa na região, podem trazer o caos ao reino. Assim, se algo acontecer ao atual rei Salman bin Abdulaziz – que, supostamente, está sofrendo de demência e outros problemas de saúde – haverá muitos príncipes prontos para reivindicar o trono.
Em particular, Mutaib bin Abdullah bin Abdulaziz, o atual ministro da Guarda Nacional da Arábia Saudita (que não responde ao Ministério da Defesa) poderia estar disposto a "acalmar" as ambições do príncipe Salman, segundo aponta Rodier. De acordo com o analista, o chefe da Guarda Nacional poderia fazer uma aliança com o príncipe Muhammad bin Nayef, primeiro vice-primeiro-ministro e ministro do Interior do país. Juntos, os dois poderiam organizar um golpe, facilmente subjugando as Forças Armadas sauditas regulares, caso elas decidam se opor à movimentação.  
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