Rio de Janeiro, 22 de Dezembro de 2024

GM paralisa operações na Venezuela

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Quinta, 20 de Abril de 2017 às 07:42, por: CdB

A decisão foi tomada em meio a uma crise econômica cada vez mais grave na Venezuela, que já afetou diversas empresas norte-americanas presentes no país

Por Redação, com agências internacionais - de Caracas:

A General Motors anunciou a paralisação de suas operações na Venezuela depois que autoridades venezuelanas confiscaram uma unidade da montadora no centro industrial de Valencia, e prometeu "tomar todas as ações legais" para defender seus direitos.

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A indústria automobilística venezuelana sofre com a falta de matéria-prima

A decisão foi tomada em meio a uma crise econômica cada vez mais grave na Venezuela. Que já afetou diversas empresas norte-americanas presentes no país.

– Na quarta-feira a fábrica da GMV foi inesperadamente tomada pelas autoridades públicas, impedindo as operações normais. Além disso, outros ativos da companhia, como veículos, foram retirados ilegalmente de suas instalações – disse a General Motors Venezolana (GMV). Unidade da GM, em um comunicado enviado por email.

A indústria automobilística venezuelana sofre com a falta de matéria-prima devido a complexos controles monetários e uma produção local estancada. Muitas fábricas apenas podem manufaturar.

Protestos

A violência marcou os protestos contra o governo Nicolás Maduro que ocorreram na quarta-feira em várias cidades da Venezuela. Deixando ao menos três mortos,  dois estudantes e um membro da Guarda Nacional. Dezenas de pessoas ficaram feridas, e centenas foram detidas.

Em Caracas, as marchas, classificadas por movimentos antichavistas de a "mãe de todos os protestos", reuniram dezenas de milhares de pessoas, de acordo com a imprensa local. Marchas pró-regime aconteceram paralelamente na capital.

Na passeata da oposição, a polícia entrou em confronto com manifestantes. A confusão começou quando Membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) dissolveram a concentração opositora quando tentavam marchar para o centro em direção à Defensoria Pública. No mesmo local, ocorria um protesto em apoio a Maduro. Os agentes de segurança lançaram gás lacrimogêneo contra o grupo oposicionista, que respondeu jogando pedras.

Confrontos foram registrados em outras regiões da capital. Num deles, um estudante de 17 anos que participava de uma marcha contra o governo foi atingido por um tiro na cabeça e morreu posteriormente no hospital.

Outra morte foi registrada na cidade de San Cristóbal, no estado de Táchira, próximo a um local onde ocorria um protesto contra o governo. Um grupo de civis armados teria atacado os manifestantes. Uma jovem de 23 anos foi atingida por um tiro na cabeça. De acordo com testemunhas, ambos os estudantes mortos, em Caracas e em Táchira, não participavam dos protestos.

Segundo o defensor público Tarek Wiliam Saab, um membro da GNB morreu em um protesto violento próximo a Caracas. O sargento foi "assassinado" por um francoatirador no município de Los Salias, e um coronel ficou ferido, disse Saab. As três mortes desta quarta-feira se somam a outras seis registradas em protestos desde o início de abril.

"Mãe de todos os protestos"

A oposição acusa o governo de enviar milícias armadas para reprimir os protestos e afirma que as forças de segurança não fazem nada para impedir a ação destes grupos, além de reprimir protestos pacíficos. O envio de soldados e milicianos para as ruas foi condenado pela organização de direitos humanos Human Rights Watch (HRW).

Em Caracas, os opositores partiram de 26 pontos com destino à Defensoria Pública para exigir a queda de Maduro e pedir que o governo apresente um cronograma para eleições, suspenda a repressão contra as manifestações e respeite a autonomia da Assembleia Nacional. 

O primeiro ato da atual onde de protestos foi pelo afastamento dos juízes do TSJ, dias depois de a Corte, dominada pelo chavismo, ter decidido assumir as competências do Assembleia Nacional, de maioria opositora. O golpe institucional foi amplamente condenado internacionalmente, e, sob pressão, o TSJ acabou revogando a decisão, o que não foi suficiente para reverter a profunda queda na popularidade de Maduro.

Uma nova jornada de protestos foi convocada para esta quinta-feira. "Se milhões de pessoas saíram hoje às ruas, ainda mais deverão sair amanhã", disse o líder opositor Henrique Capriles.

Marcha em apoio ao governo

Em resposta aos protestos da oposição, Maduro convocou as Forças Armadas e milícias para as ruas de todo o país para defender a "revolução" bolivariana iniciada pelo antecessor Hugo Chávez e reprimir as manifestações dos que chama de "traidores da pátria".

Manifestantes pró-governo saíram às ruas em Caracas. A marcha dos chavistas terminou com um discurso de quase duas horas do presidente, que completou quatro anos no poder nesta quarta-feira. Recebido com aplausos, Maduro anunciou que 30 pessoas, que classificou de "terroristas", haviam sido detidas nos protestos da oposição.

– Estamos desmantelando o golpe de Estado terrorista. Estamos derrotando o golpe de Estado violento. Somos os vencedores da paz e da democracia – afirmou Maduro, acusando a oposição de promover a violência.

Apesar de acusar o presidente da Assembleia Nacional, o oposicionista Julio Borges, de estar tramando um golpe de Estado, Maduro pediu à oposição que o diálogo seja restaurado no país e nomeou porta-vozes para os encontros que buscariam debater o futuro do país.

– Sou um homem de diálogo, creio na palavra, creio nas razões e creio que somente por meio da palavra é possível consolidar e abrir o caminho para a paz – afirmou Maduro.

Pelo menos duas tentativas de diálogo entre governo e oposição ocorreram na Venezuelana desde outubro de 2016. As conversas não foram adiante, com ambos os lados se acusando mutuamente de não terem cumprido os acordos.

Protestos contra o governo de Maduro também foram registrados nesta quarta-feira em outros países da América Latina, incluindo Colômbia, Honduras e Argentina.

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