Dilma defende resistência contra "tendências antidemocráticas"

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Publicado Sexta, 01 de Abril de 2016 às 10:42, por: CdB

Na solenidade, representantes de movimentos sociais e sindicais ligados ao campo e integrantes de comunidades quilombolas e do movimento negro gritaram “Não vai ter golpe, vai ter luta” e “Viva a democracia”

Por Redação, com Reuters e Agências de Notícias - de Brasília:
A presidenta Dilma Rousseff disse nesta sexta-feira que é necessário estar vigilante e resistir ao que chamou de "tendências antidemocráticas" e provocações, sem no entanto citar diretamente o pedido de impeachment de que é alvo na Câmara dos Deputados. Em cerimônia de assinatura de atos para a reforma agrária e comunidades quilombolas no Palácio do Planalto, Dilma também afirmou que as regras do jogo democrático não podem ser rompidas sob risco de se comprometer a democracia.
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Dilma disse que as regras do jogo democrático não podem ser rompidas sob risco de se comprometer a democracia
A presidenta assinou 25 decretos de desapropriação de imóveis rurais para reforma agrária e regularização de territórios quilombolas, no total de 56,5 mil hectares. Segundo Dilma, 21 decretos vão assegurar 35,5 mil hectares de terras para a reforma agrária em 14 estados. Na cerimônia também foram assinados quatro decretos de regularização de territórios quilombolas, atendendo a 799 famílias no Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte e Sergipe, somando 21 mil hectares. Um hectare corresponde aproximadamente às medidas de um campo de futebol oficial. A solenidade contou com a participação de representantes de movimentos sociais e sindicais ligados ao campo e integrantes de comunidades quilombolas e do movimento negro que gritaram “Não vai ter golpe, vai ter luta” e “Viva a democracia”.

Igualdade racial

No evento, também foi lançado o edital do Sistema Nacional de Promoção da Igualdada Racial que vai liberar R$ 4,5 milhões para projetos de promoção da igualdade racial no país, de apoio a políticas públicas de ação afirmativa e a políticas para comunidades tradicionais. Segundo a ministra das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, Nilma Limo Gomes, sem promoção da igualdade racial não há democracia e os resultados nas políticas afirmativas e de inclusão social nos últimos 13 anos evidenciam conquistas “na luta pela superação do racismo”, mas também enormes desafios. “Sabemos que temos um longo caminho a percorrer para superar o racismo enquanto desigualdade estrutural. Mas não podemos negar: nós estamos avançando.”

Apoio em atos pelo país

As manifestações mostram a consolidação da democracia brasileira, independente do posicionamento daqueles que frequentam os atos, diz a cientista política e professora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCas) Maria do Socorro Sousa Braga, doutora em ciência política pela Universidade de São Paulo (USP). - Faz parte da dinâmica democrática ter uma maior expressão das diferentes demandas e diferentes pontos de vista. Não pode ter intolerância desse direito - disse. Para Maria do Socorro, as manifestações contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff que ocorreram, nesta quinta-feira, em diversas cidades brasileiras é "uma demonstração de força de vontade de continuidade do governo e também uma demonstração de que não se concorda com essa forma absurda de querer tirar um governante que foi eleito pelas urnas democraticamente e que não possui prova nenhuma, seja de corrupção, seja de outros aspectos, para tirar a presidenta", diz. O dia escolhido também é importante, de acordo com a cientista política. No dia 31 de março de 1964, os militares tomavam o poder no Brasil por meio de um golpe de Estado. Embora o contexto seja diferente, para a cientista política, é uma forma de expressar simbolicamente que as pessoas não concordam com a "reprise de um golpe às instituições democráticas".
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