Exército canadense começa a erguer alojamentos temporários para receber imigrantes na fronteira com território norte-americano. Maior parte dos pedidos de refúgio é feita por haitianos que querem deixar os EUA
Por Redação, com DW - de Montreal/ Washington:
O governo do Canadá enviou cerca de 100 soldados à fronteira com os Estados Unidos para construírem tendas de acolhida a imigrantes que solicitam refúgio no país.
Em comunicado, o Exército canadense informou que o acampamento localizado no posto fronteiriço de Saint-Bernard-de-Lacolle, em Québec, será temporário. A intervenção tem caráter de "urgência" para responder "à situação precária" dos serviços fronteiriços.
O acampamento com capacidade para 500 pessoas tem o objetivo de aliviar as infraestruturas saturadas das autoridades fronteiriças. Desde o final de julho, mais de 2,5 mil haitianos saíram dos EUA para solicitar refúgio no Canadá; atravessando a fronteira com a província de Québec. Segundo as autoridades, essa migração segue um ritmo regular.
Segundo a porta-voz da Agência de Serviços Fronteiriços do Canadá (CBSA), Stephane Malepart, o acampamento será erguido devido à expectativa de chegada de um grande número de refugiados vindos dos EUA.
Em agosto, a cidade de Montreal abriu as portas do seu estádio olímpico para acolher centenas de recém-chegados. Mas as instalações já estão sem capacidade para receber novas pessoas. Outros locais de acolhimento temporário foram abertos; como um antigo hospital de Montreal.
Documentação
Na terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros do Haiti, Antonio Rodrigue, iniciou uma visita ao Canadá para acompanhar os esforços das autoridades canadenses.
O governo do Canadá tem um acordo com os EUA que prevê que solicitantes de refúgio que cruzam a fronteira sejam enviados de volta ao território norte-americano. Mas o governo do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, alega que o país deve receber e avaliar os pedidos com base no Estatuto do Refugiados da ONU, de 1951.
Haitianos que vivem nos EUA têm deixado o país devido à provável perda do Estatuto de proteção temporária (TPS, na sigla em inglês) em território norte-americano até o final de 2017.
O documento foi concedido pelo governo norte-americao a cerca de 60 mil haitianos depois do terremoto de 2010. O estatuto foi prolongado por seis meses pelo governo do presidente, Donald Trump, que tem endurecido as regras migratórias. Mas deve vencer até o final deste ano.