Brasil tem um “veio golpista adormecido”, diz Dilma

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Publicado Terça, 19 de Abril de 2016 às 09:41, por: CdB

Dilma ressaltou que se crise econômica fosse argumento “para tirar presidente da República não teria um único presidente da República nos países desenvolvidos que sobrevivesse à profunda crise econômica com desemprego”

Por Redação, com ABr e Agências de Notícias - de Brasília:
A presidenta Dilma Rousseff disse, nesta terça-feira, que o Brasil tem um “veio golpista adormecido” e que não houve um presidente após a redemocratização do país que não tenha tido um processo de impedimento no Congresso Nacional.
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Dilma destacou que a crise atual está acontecendo pelo fato de a eleição de 2014 ter sido vencida por uma margem estreita
- Se nós acompanharmos a trajetória dos presidentes no meu país no regime presidencialista a partir de Getúlio Vargas, nós vamos ver que o impeachment sistematicamente se tornou um instrumento contra os presidentes eleitos. Tenho certeza que não houve um único presidente depois da redemocratização do país que não tenha tido processos de impedimento no Congresso Nacional. Todos tiveram - afirmou Dilma, em entrevista a veículos estrangeiros no Palácio do Planalto. Dilma também ressaltou que se crise econômica fosse argumento “para tirar presidente da República não teria um único presidente da República nos países desenvolvidos que sobrevivesse à profunda crise econômica com desemprego”. Para ela, não é por causa da crise econômica que está ocorrendo a crise política. A presidenta destacou que a crise atual está acontecendo pelo fato de a eleição de 2014 ter sido vencida por uma margem estreita, de pouco mais de 3 milhões de votos. A petista recebeu 54 milhões de votos. - Essa eleição perdida por essa margem tornou no Brasil a oposição derrotada bastante reativa a essa vitória e por isso começaram um processo de desestabilização do meu mandato desde o início dele. Este meu segundo mandato, há 15 meses, tem o signo da desestabilização política - afirmou. Os deputados aprovaram neste domingo, por 367 votos a favor e 137 contra, o prosseguimento do processo de impeachment contra a presidenta Dilma. Em uma entrevista concedida à imprensa na segunda-feira, Dilma disse se sentir indignada e injustiçada com a decisão da Câmara dos Deputados. Se a admissibilidade do afastamento for aprovada também pelos senadores, a presidenta será afastada do cargo por até 180 dias, enquanto o Senado analisa o processo em si e define se Dilma terá o mandato cassado.

Eleição indireta

Na segunda-feira a presidenta Dilma Rousseff comentou a abertura do processo de impeachment contra seu mandato e isse que viu todas as declarações dos deputados e que nenhum deles o acusou de crime de responsabilidade. – Não vi uma discussão sobre o crime de responsabilidade, a única maneira de se julgar um presidente da República no Brasil, isso porque a Constituição assim o prevê. Ela prevê que é possível, e está escrito, mas a Constituição estipula que é necessário a existência do crime de responsabilidade para que um presidente possa ser afastado do cargo. Isso depois de receber os votos majoritários da população. Recebi 54 milhões de votos e me sinto indignada – afirmou. A presidenta falou que tem certeza de que os deputados sabem que ela não cometeu crime de responsabilidade. – Além disso não há contra mim nenhuma acusação de desvio de dinheiro público, enriquecimento ilícito, não fui acusado de ter contas no exterior – disse. Bolsonaro A presidenta Dilma Rousseff, disse em entrevista a correspondentes estrangeiros, no Palácio do Planalto, ser "lamentável" que o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) tenha feito uma homenagem ao torturador da ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra, morto em 2015. Dilma foi questionada pelos jornalistas sobre a declaração do deputado, feita no último domingo, ao dar seu voto favorável ao processo de impeachment, na Câmara dos Deputados. - De fato, fui presa nos anos 70, de fato, eu conheci bem esse senhor ao qual ele [Bolsonaro] se refere. Foi um dos maiores torturadores do Brasil. Sobre ele, recai não só acusação de tortura, mas também acusação de morte. É só ler os papéis da Comissão da Verdade e mesmo outros relatos - afirmou Dilma, em entrevista a correspondentes estrangeiros, no Palácio do Planalto. A presidenta disse considerar “gravíssima a aventura golpista” em curso no país, porque teria levado a uma situação de polarização que não se vivia no Brasil, “que é uma situação de raiva, ódio e perseguição. Terreno na lua Dilma disse que os defensores de seu afastamento estão “vendendo terreno na lua” para chegar ao poder e voltou a criticar o vice-presidente Michel Temer e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Dilma afirmou também que existe uma “conspiração” contra seu mandato. _ Acredito que os que estão golpeando atendem só a um lado do país e estão vendendo terreno na lua. Quando você está sendo vítima de um golpe, tem várias opções, mas eu acho que quem tem honra e dignidade, tem uma: é resistir. Nós iremos resistir - disse a presidenta, durante entrevista a correspondentes estrangeiros no Palácio do Planalto. A presidenta disse que é vítima de um processo de meias verdades ao falar sobre o pedido de impeachment que enfrenta e que a divergência política pura e simples não pode ser usada como base para um processo desse tipo. Durante a entrevista, ela defendeu ainda a legalidade das operações contábeis do governo que embasaram o pedido de impeachment.

Lava Jato

Perguntada se não sabia que havia corrupção no partido e na Petrobras, Dilma respondeu que é próprio da corrupção “ser feita às escuras, ser escondida”. - Ninguém é ingênuo e acredita que a corrupção surgiu agora. Ela foi revelada e lançada à luz agora, pelo meu governo e do presidente Lula [ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva], porque toda a legislação que permite essas investigações foi feita no meu governo ou no dele - afirmou. Matéria atualizada às 14h16
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