Rio de Janeiro, 21 de Dezembro de 2024

Benjamin Netanyahu vence eleição em Israel

Arquivado em:
Quarta, 18 de Março de 2015 às 07:33, por: CdB
netanyahy.jpg
Partido do primeiro-ministro contraria pesquisas que indicavam resultado apertado e conquista o maior número de cadeiras no Knesset
  O partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu venceu a eleição parlamentar antecipada em Israel, após uma disputa acirrada com a oposição moderada liderada por Isaac Herzog. Com quase a totalidade dos votos apurados na manhã desta quarta-feira, os resultados indicam que o partido governista Likud conquistou 30 cadeiras no Knesset, constituído por 120 parlamentares, enquanto a União Sionista, de Herzog, ficou em segundo lugar, com 24 cadeiras. Pesquisas de boca de urna apontavam uma disputa apertada, com 27 cadeiras para cada lado, mas a situação tomou novos contornos durante a apuração, realizada durante a noite. "Contrariando as expectativas, conseguimos uma grande vitória para o Likud", festejou o premiê em seu discurso da vitória, em Tel Aviv. O êxito foi celebrado pelos partidários de Netanyahu, até porque a eleição era vista como um referendo sobre o governo do primeiro-ministro. Herzog reconheceu a derrota e parabenizou Netanyahu pela conquista de seu terceiro mandato consecutivo, mas evitou falar sobre possíveis alianças políticas. Netanyahu prometeu formar um novo governo durante as próximas semanas e disse que já iniciou conversas com os seus aliados, os partidos nacionalistas e os ultra-ortodoxos, de cujo apoio ele precisará para formar uma coalizão majoritária no Knesset. Acima de tudo, o premiê deverá angariar o apoio do partido Kulanu, liderado pelo ex-ministro das Comunicações e ex-membro do Likud Moshé Kahlon, que conquistou dez cadeiras no Parlamento e se tornou, assim, decisivo para uma futura coalizão governista. Apelos na reta final O premiê fez da segurança o tema principal de sua campanha, afirmando que ele é o único capaz de proteger Israel da ameaça nuclear do Irã, e assegurou que jamais permitirá que os palestinos estabeleçam uma capital em Jerusalém Oriental. Num apelo de última hora à direita israelense, pouco antes do início da votação, Netanyahu descartou a possibilidade de permitir a criação de um Estado palestino, renegando o endosso que havia feito em 2009 para uma solução de dois Estados na região. Seu adversário, Herzog, havia repetidamente defendido a criação de um Estado palestino. No dia da eleição, Netanyahu apelou aos simpatizantes do Likud para que fossem aos locais de votação no intuito de se contrapor ao alto comparecimento dos árabes israelenses. "O mandato da direita está em perigo. Os eleitores árabes estão comparecendo em peso aos locais de votação", alertou o premiê num vídeo. Após a virada na reta final da campanha, Netanyahu está seguro de que será o líder partidário a ser indicado pelo presidente Reuven Rivlin para a formação de um novo governo, após a publicação oficial dos resultados, prevista para esta quinta-feira. O sistema eleitoral israelense prevê que o primeiro-ministro não seja necesariamente o líder do partido que angariou mais votos, mas aquele que conseguir formar uma coalizão majoritária com ao menos 61 cadeiras no Parlamento. Voto da direita À medida que a poeira assenta em uma eleição dramática, as questões imediatas são entender como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu conseguiu dar a volta por cima, por que a oposição ficou aquém e o que isso significa para Israel, os palestinos e o mundo. Quatro dias antes da votação Netanyahu parecia quase abatido com as últimas pesquisas de intenção de voto, que davam à centro-esquerdista União Sionista uma vantagem de quatro cadeiras, o suficiente não só para vencer a eleição, mas para formar uma potencial coalizão de governo. Mesmo Netanyahu, ativista veterano que vencera antes três eleições, parecia pensar que seus dias estavam contados, dizendo que havia um "perigo real" de que perderia e invocando sua base na direita para virar o jogo. Mas, depois de três dias de campanha –e, no dia do próprio voto– "Bibi" fez uma grande ofensiva, dando mais entrevistas do que em muitos anos e fazendo uma série de promessas de cunho direitista destinadas a atrair eleitores nacionalistas. Ele visitou o assentamento de Har Homa, na Cisjordânia, cuja construção foi autorizada quando era primeiro-ministro, em 1997, prometeu continuar a construir casas para a população judaica nos territórios árabes ocupados por Israel na guerra de 1967, e que os palestinos reivindicam para seu Estado, e reconheceu que o assentamento foi projetado para isolar os palestinos de Jerusalém. Em uma entrevista no mesmo dia ele prometeu que, se fosse reeleito, não permitiria o estabelecimento de um Estado palestino, uma declaração que se contrapunha a seus próprios compromissos passados ​​e décadas de esforços internacionais para encontrar uma solução para o conflito com base na criação de dois Estados. Em todas as oportunidades, Netanyahu disse que seu partido, o Likud, se arriscava a perder e instigou o medo do que significaria para a segurança dos israelenses e a propagação da militância islamista, se a centro-esquerda conseguisse a vitória. Na terça-feira, enquanto a votação estava em andamento- Netanyahu protestou contra o que chamou de "organizações de esquerda" que, segundo ele, tinham levado árabes-israelenses em ônibus às urnas, em um esforço para reforçar a centro-esquerda e derrubá-lo do cargo. Para muitos israelenses seus comentários pareceram ser devaneios de alguém que enfrenta a derrota após seis anos consecutivos no poder, mas eles foram cuidadosamente calibrados para estimular o voto da direita e da extrema-direita e prejudicar a centro-esquerda. - As cadeiras trocaram de mãos na blocos de centro-esquerda e de direita, mas de resto nada mudou realmente - comentou Gideon Rahat, professor de ciência política na Universidade Hebraica. Com efeito, Netanyahu conseguiu tirar votos de seus aliados à direita, do partido Lar Judaica, de Naftali Bennett, ligado aos colonos, e do ultranacionalista Yisrael Beitenu, de Avigdor Lieberman, e assim garantiu que o Likud ficasse com a maioria. O apoio a Lieberman e Bennett caiu, mas eles ainda têm oito e seis cadeiras, respectivamente, uma representação na qual Netanyahu se apoiará para formar uma coalizão. Moshe Kahlon, líder do partido Kulanu, uma dissidência do Likud, emergiu como o "fiel da balança" da eleição, alguém que Netanyahu agora vai tentar atrair para o governo. Quando se trata de a União Sionista, parece que o líder Isaac Herzog fez, na maioria, as coisas certas. Sua campanha de tom socialista, focada na economia, atraiu eleitores e os 24 assentos que conquistou estão em linha com as previsões das pesquisas de opinião e acima do que conseguiu em 2013. Mas ele não tinha nada extra para oferecer aos partidários do Likud, e o medo dos riscos à segurança de Israel, que Netanyahu explorou, pode ter feito com que centristas indecisos preferissem votar no que já conheciam em vez de arriscar algo novo.    
Tags:
Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo