Alemanha: cai número de refugiados do norte da África

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Publicado Segunda, 25 de Abril de 2016 às 07:54, por: CdB

Redução significativa da chegada de requerentes de asilo da Argélia, Tunísia e Marrocos se deve à lei que classifica Magreb como "países de origem seguros", o que facilita a deportação de seus cidadãos

Por Redação, com agências internacionais - de Berlim/Istambul:

A imprensa alemã relatou nesta segunda-feira uma queda significativa no número de requerentes de asilo provenientes dos três países da região do Magreb. Em janeiro, chegaram à Alemanha mais de 3,3 mil refugiados da Argélia, Tunísia e Marrocos. Em março, esse número caiu para 480.

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As chances de argelinos, tunisianos e marroquinos receberem asilo na Alemanha já são praticamente nulas

A reportagem dos jornais do grupo de mídia alemão Funke se baseia num relatório do Departamento Federal de Migração e Refugiados da Alemanha (Bamf, na sigla em alemão), elaborado para o Parlamento alemão. O documento atribui a queda ao fato de as três nações serem consideradas "países de origem seguros". Isso significa que os requerentes de asilo magrebinos podem ser deportados mais facilmente.

– Apenas a discussão para a introdução da lei em janeiro de 2016 bastou para uma redução perceptível das novas chegadas a partir de fevereiro – afirma a reportagem, citando o Bamf.

As chances de argelinos, tunisianos e marroquinos receberem asilo na Alemanha já são praticamente nulas. Das cerca de 26 mil pessoas da região que chegaram ao país em 2015, apenas 2,1% receberam asilo. No primeiro trimestre de 2016, essa porcentagem foi reduzida para 0,7%.

A lei que definiu os países do Magreb como seguros teria sido uma reação do governo alemão aos crimes e agressões sexuais ocorridas durante a noite de réveillon em Colônia. Muitas das vítimas afirmaram que os agressores seriam homens de aparência árabe ou norte-africana.

Outra reportagem publicada pelo jornal alemão Die Weltnesta segunda-feira afirma que, mesmo com a queda do número total da chegada de refugiados na Alemanha, o Bamf enfrenta dificuldades para processar devidamente os pedidos de asilo por não possuir funcionários suficientes.

Um relatório confidencial do Bamf ao qual o jornal afirma ter tido acesso revela que seriam necessários em torno de 2 mil funcionários a mais. Segundo o Welt, o Bamf visa empregar 7,3 mil pessoas em todo o país e em sua sede na cidade de Nurembergue. Até o momento, porém, apenas 5 mil postos de trabalho teriam sido preenchidos.

O Bamf recebe o reforço temporário de funcionários dos Correios, das Forças Armadas e da agência nacional de emprego.

Imigrantes armênios

Um século depois dos seus antepassados fugirem dos massacres na Turquia e se estabelecerem na Armênia, Alla fez o caminho inverso, esperando conseguir a cidadania turca depois de deixar sua empobrecida terra natal, a Armênia.

Ela trabalha como babá na Turquia mas teme ser deportada, uma de milhares de trabalhadores sem documentação que vieram da ex-república soviética e que se sentem reféns da disputa diplomática entre os dois países que se estende há décadas.

O conflito remonta às mortes de até 1,5 milhões de armênios cristãos pelas mãos de turcos otomanos muçulmanos, que fizeram aniversário neste domingo. As tensões entre a Armênia e sua vizinha Azerbaijão, que é apoiada pela Turquia, estão especialmente amplificadas neste ano.

– Nós vivemos com o medo de que eles (autoridades turcas) nos retirem daqui caso alguma coisa ocorra – disse Alla, que pediu para que seu nome completo não fosse divulgado devido ao seu status ilegal na Turquia.

– Quando chego em casa do trabalho, agradeço a Deus mil vezes por nada ter acontecido – disse. "Se eu conseguir a cidadania, então não ficarei mais com medo."

Estimativas são de que existem entre 10 mil a 30 mil armênios no país. Uma passagem de ônibus de Ierevan a Istambul com a promessa de vida melhor custa o equivalente a cerca de US# 50.

Os números são ofuscados pelos 3 milhões de sírios e centenas de milhares de iraquianos que deixaram seus países por conta da guerra. Mas os imigrantes armênios se sentem vulneráveis e suscetíveis a mudanças políticas.

A Armênia, apoiada por várias nações e estudiosos do Ocidente, alega que o massacre de 1915 foi um genocídio. A Turquia aceita que armênios foram mortos durante a Primeira Guerra Mundial, mas rejeita a declaração de que se trata de um genocídio.

A animosidade entre os vizinhos, cuja fronteira é fechada, aumentou neste mês com os confrontos entre o Azerbaijão, país muçulmano, e os separatistas cristãos apoiados pela Armênia em Nagorno-Karaback, uma região dentro do Azerbaijão que é controlada por pessoas de etnia armênia.

O presidente turco, Tayyip Erdogan, afirmou que a morte de cidadãos do Azerbaijão "queimou nossas almas" e culpou a Armênia pelos conflitos, os piores desde um cessar-fogo em 1994 em Nagorno-Kabarack, após uma guerra que matou milhares de pessoas de cada lado.

Os turcos foram às redes sociais chamar os armênios de "assassinos" e proclamar Nagorno-Karabakh como "território turco".

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