Os procuradores encontraram na mesa dos doleiros uma procuração em alemão aguardando a assinatura de Inês Maria, uma das sócias da holding Fundação Bogart & Taylor – que abriu uma offshore no Ducado de Liechtenstein
Por Redação, com RBA - de São Paulo
A delação premiada do senador Delcídiio do Amaral (sem partido-MS) selou, na Procuradoria Geral da República, o inquérito para apurar o envolvimento do senador Aécio Neves (PSDB-MG) nas denúncias de corrupção que constam tanto na Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF) e no escândalo conhecido como ‘Lista de Furnas’. Aécio, segundo Amaral, mantém uma conta bancária, em Liechenstein, em nome da própria mãe.
O nome de Aécio Neves consta, ainda, na Operação Norbert, também da PF, deflagrada em 8 de fevereiro de 2007 no Rio de Janeiro, que apurou denúncias de lavagem de dinheiro na praça do Rio de Janeiro. Conduzida por três procuradores – Marcelo Miller, Fabio Magrinelli e José Schetino –, foi realizada uma busca e apreensão nos escritórios de um casal de doleiros do Rio de Janeiro. No meio da operação, os procuradores encontraram dados que envolvem o corregedor do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, Carpena do Amorim.
Carpena foi peça central no assassinato de reputação da juíza Márcia Cunha, trabalhando em parceria com a Folha de S.Paulo no período em que o jornal se aliou a Daniel Dantas. Coube a Carpena endossar um dossiê falso preparado por um lobista ligado a Dantas, penalizando uma juíza séria.
Ao puxar o fio da meada de uma holding, os procuradores encontraram informações sobre Carpena. O caso foi desmembrado do inquérito dos doleiros, tocado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro e resultou na condenação do ex-juiz a três anos e meio de prisão.
O segundo fio foi puxado quando os procuradores encontraram na mesa dos doleiros uma procuração em alemão aguardando a assinatura de Inês Maria, uma das sócias da holding Fundação Bogart & Taylor – que abriu uma offshore no Ducado de Liechtenstein, na Europa Central.
Os procuradores avançaram as investigações e constataram que a holding estava em nome de parentes de Aécio Neves: a mãe Inês Maria, a irmã Andréa, a esposa e a filha. Como o caso envolvia um senador da República, os três procuradores desmembraram do inquérito principal e encaminharam o caso ao então procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Foi no mesmo período em que Gurgel engavetou uma representação contra o então senador Demóstenes Torres.
O caso parou na gaveta de Gurgel, onde permanece até hoje e de onde tende a sair, após as novas declarações de Delcídio do Amaral. O atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem dados suficientes para retomar as investigações. Não haverá nem sequer necessidade de abrir um inquérito suplementar porque todas as informações necessárias constam da Operação Norbert.
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