A empresa monitora a Internet em busca de focos de manifestações, identificando quem são os influenciadores nas redes e as principais demandas políticas
Por Fernando Brito - de São Paulo:
Mas “patrulhar” a rede com outras finalidades, inclusive policiais, é um abuso que uma sociedade democrática não pode permitir.
A Folha, entretanto, revela que o Governo Michel Temer está pagando a uma empresa privada. Para fazer o monitoramento das redes sociais com fins que vão além de “afinar” seu discurso de comunicação.
Uma agência publicitária de São Paulo, a Isobar Brasil (antiga Agência Click). É responsável por esse serviço de “big data” (processamento de grande volume de dados) desde 2015.
A empresa monitora a Internet em busca de focos de manifestações. Identificando quem são os influenciadores nas redes e as principais demandas políticas. As informações são enviadas a órgãos públicos, inclusive agentes de segurança.
A reportagem recorda que “o monitoramento em redes sociais para ‘vigilância’ de órgãos públicos foi proibido pelos termos de uso do Facebook” e que, no Brasil, o Marco Civil da internet, de 2014, determina que dados pessoais, como postagens e informações públicas do perfil, não podem ser usados por terceiros sem “consentimento livre, expresso e informado” dos usuários.
Um governo sem legitimidade menos ainda pode fazer isso.
Manifestações
Até agora estão sem explicação convincentes as visitas de Temer à embaixada americana e as atividades da Abin, sob seu governo, infiltrando-se em manifestações de oposição para ações que vão muito além da simples informação.
As relações de promiscuidade entre a máquina policial e a Justiça, que se evidenciaram na condução de Alexandre de Moraes só confirma o alcance do jogo sujo que, afinal, levou esta gente ao poder.
Fernando Brito é jornalista