Rio de Janeiro, 28 de Outubro de 2024

Papa Francisco pede a dom Odilo Scherer que permaneça um pouco mais

Arquivado em:
Terça, 08 de Outubro de 2024 às 18:36, por: CdB

A decisão de se afastar do cargo que ocupa, ao chegar à idade prevista, é uma praxe do Vaticano. Ao atingir essa idade, “o bispo diocesano é solicitado a apresentar a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice, que, ponderando todas as circunstâncias, tomará providências”.

Por Redação – de São Paulo

Embora tenha aceitado a renúncia do cardeal dom Odilo Scherer ao comando da Arquidiocese de São Paulo, o papa Francisco pediu que o religioso permaneça à frente do posto um pouco mais. O arcebispo divulgou nesta terça-feira a carta com a requisição para abdicar do “governo pastoral”, feita no dia 21 de setembro, quando completou 75 anos.

dom-odilo.jpg
O papa Francisco aceitou a renúncia do cardeal Odilo Scherer

A decisão de se afastar do cargo que ocupa, ao chegar à idade prevista, é uma praxe do Vaticano. Ao atingir essa idade, “o bispo diocesano é solicitado a apresentar a renúncia do ofício ao Sumo Pontífice, que, ponderando todas as circunstâncias, tomará providências”. Em seu pedido, Scherer diz na carta que o papa pediu que ficasse mais dois anos no cargo — no qual está desde 2007.

Francisco acolheu a solicitação de uma forma considerada célere nos bastidores da Igreja Católica, em menos de um mês, o que no clero brasileiro foi lido de duas formas. Alguns viram aí um sinal de desprestígio. Com a “aposentadoria” anunciada, seu poder político ficaria esvaziado inclusive na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

 

Peregrinos

Mas uma outra corrente tem uma leitura mais positiva e diz que o pedido para se estender por mais dois anos na Arquidiocese é um sinal de prestígio do cardeal. Até agora, o Vaticano não adiantou quem sucederá dom Odilo.

“Sigamos em frente, preparando-nos mediante a oração para viver intensamente o Ano Jubilar de 2025, como ‘peregrinos da esperança'”, diz o arcebispo metropolitano de São Paulo. Ele termina o texto pedindo que “Deus abençoe a todos e os conserve em seu amor”.

Dom Odilo é gaúcho de Cerro Largo; fez seminário no Paraná e, em 1976, aos 27 anos, foi ordenado presbítero. Pelas mãos do papa João Paulo II, tornou-se bispo auxiliar na Arquidiocese de São Paulo há 22 anos. Em 2007, assumiu a liderança do serviço na capital paulista. O cardeal brasileiro é tido como uma voz mais conservadora dentro da Igreja, enquanto o atual pontífice representa uma ala mais progressista.

 

Futuro

Nos últimos anos, no entanto, o religioso conquistou a inimizade de setores católicos da sociedade mais radicalizados, que chegaram a acusá-lo de comunismo por frases como “onde há fanatismo, perdeu-se a lucidez”, dita em entrevista à mídia conservadora. O prócer da Igreja, no país, afirmou ainda que vê extremismo “dos dois lados”, à direita e à esquerda.

— Onde há polarização extrema, perdeu-se a lucidez. Então estamos precisando justamente acalmar os ânimos e não entrar nesse jogo — afirmou.

Para o futuro, após os dois anos finais na posição, dom Odilo acredita que o “caminho normal” seria tornar-se arcebispo emérito —como dom Paulo Evaristo Arns e dom Cláudio Hummes, para citar dois cardeais que o precederam.

— Ao desses quase 18 anos que estou arcebispo, a gente caminha com a Igreja. Cada diocese não é uma ilha, por isso está em sintonia com a CNBB, o papa, colaborando — resumiu.

Edições digital e impressa
 
 

Utilizamos cookies e outras tecnologias. Ao continuar navegando você concorda com nossa política de privacidade.

Concordo