O discurso de Lula, o último do evento, foi acompanhado por militantes e lideranças políticas que lotaram a quadra dos bancários
Por Redação, com ABr - de São Paulo: Em discurso para a militância petista, na quadra do Sindicato dos Bancários do Estado de São Paulo, O ex-presidente Lula disse na noite de sexta-feira que não irá se calar mesmo ameaçado por perseguição política e denúncias infundadas. E que para derrotá-lo, os opositores terão de enfrentá-lo nas ruas. Lula falou em ato organizado pelo PT, sindicatos e movimentos sociais sobre a situação política após ter sido conduzido pela Polícia Federal ao Aeroporto de Congonhas para depor nas investigações da Operação Lava Jato. – Eu vim aqui para dizer o seguinte: eu não sei se vou ser candidato, mas eu queria dizer a todos que me ofenderam nesta sexta-feira que foi uma ofensa; um ex-presidente que fez por esse país o que eu fiz, não merecia receber o que eu recebi. Mas sem mágoa. Quero dizer para você aqui, se eles tiverem que me derrotar, eles vão ter que me enfrentar nas ruas deste país – disse o ex-presidente. O discurso de Lula, o último do evento, foi acompanhado por militantes e lideranças políticas que lotaram a quadra dos bancários. Muitas pessoas, no entanto, não conseguiram entrar no local, e acompanharam a fala do ex-presidente do lado de fora, na rua Tabatinguera, na região da Sé. Lula disse que não pretendia se candidatar nas próximas eleições presidenciais, mas diante da atual conjuntura, colocou-se à disposição da militância para a candidatura de 2018. “Eu estava quieto no meu canto. Estava na expectativa que vocês escolhessem alguém para disputar 2018. Cutucaram o vulcão com vara curta. Portanto quero me oferecer a vocês, esse jovem de 70 anos de idade com tesão de um jovem de 30, com corpo de atleta de 20. Não tenho preguiça de acordar as 6 horas. E não tenho problema de dormir às 10”. – A partir de hoje, a única resposta que eu posso dar a insolência que fizeram a mim, a ofensa que fizeram a mim, é ir para rua dizer: estou vivo e sou mais honesto do que vocês. De coração eu quero agradecer a cada um de vocês – acrescentou. Lula voltou a dizer, como havia feito no pronunciamento de sexta-feira, que voltará a viajar pelo país e que não se calará diante do que diz ser perseguição política e denúncias infundadas. “Estou disposto a viajar esse país do Oiapoque ao Chuí, estou disposto. Se alguém pensa que vai me calar com perseguição e denúncia, não sabe que eu sobrevivi à fome, e quem sobrevive à fome não desiste nunca”, disse. – Eu não sou vingativo, não carrego ódio na minha alma, mas eu quero dizer para vocês uma coisa: eu tenho consciência do que eu posso fazer por esse povo, e tenho consciência do que eles querem comigo. Portanto, queridas e queridos companheiros, se vocês estão precisando de alguém para animar a nossa tropa, o animador está aqui – destacou. O ex-presidente ainda disse que a operação da Polícia Federal confiscou um celular de sua esposa, Marisa Letícia, e papéis da casa de seu filho, Luís Cláudio, que já haviam sido levados há quatro meses. – Na casa de meu filho, Luís Cláudio, levaram a mesma papelada que já levaram há quatro meses atrás. As perguntas que fizeram hoje já fizeram cinco meses atrás. Então é pura provocação. Estão dizendo: nós existimos e vamos criminalizar o PT. Eu quero dizer, vocês existem mas eu existo. E eu vou resistir à criminalização. No ato, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, disse que a ação da Polícia Federal foi um “golpe no Estado de direito” e classificou o ocorrido como muito grave. – É muito sério o que aconteceu hoje. É muito grave o que aconteceu nesta sexta-feira. Foi um golpe no Estado democrático de Direito. Não foi outra coisa. Não se faz isso, não é necessário nada disso – disse em discurso na quadra do Sindicato dos Bancários do Estado de São Paulo, na região da Sé. – A nossa lei assegura que ninguém nesse país pode ser coagido se estiver à disposição da Justiça, se estiver colaborando com a Justiça. Se estiver disponível para enfrentar qualquer debate, público ou privado, se estiver disponível para prestar qualquer esclarecimento, se tem endereço certo, se trabalha em lugar certo. E se está há 50 anos defendendo a democracia no Brasil, e esse é o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva – disse. – O que está por trás desse tratamento, o que está por trás desse tipo de ação e iniciativa totalmente desnecessária em se tratando de uma pessoa, que mais fortaleceu a Polícia Federal, que mais autonomia deu ao Ministério Público Federal? – acrescentou. Haddad ainda sugeriu que, se a condução coercitiva foi tomada para garantir a segurança do investigado - como argumentaram procuradores e o juiz do caso, que a militância passe a escoltar o presidente Lula.“Ninguém pode se furtar a qualquer investigação, todos nós estamos sujeitos, sobretudo homens públicos. Mas nós temos que nos dar o respeito, e exigir o cumprimento da lei. O que aconteceu foi um ato desnecessário. Mobilizar centenas de profissionais para escoltar um homem? Nós escoltaremos o Lula da próxima vez”.