Foto do corpo de criança síria mostra 'urgência de agir', diz premiê francês
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Quinta, 03 de Setembro de 2015 às 08:03, por: CdB
Por Redação, com ABr - de Paris:
A fotografia que vem comovendo o mundo de uma criança síria de três anos afogada no naufrágio de uma embarcação de migrantes que tentavam chegar à Grécia mostra “a urgência de agir”, disse hoje o primeiro-ministro francês, Manuel Valls.
- A criança se chamava Aylan Kurdi. Urgência de agir. Urgência de uma mobilização europeia - escreveu Valls no Twitter, ao divulgar uma das fotografias mostrando um polícial turco com a criança morta no colo.
Inicialmente divulgada nas redes sociais, a fotografia do corpo da criança morta que apareceu na praia foi publicada hoje na primeira página de numerosos jornais europeus.
A ministra da Educação francesa, Najat Vallaud-Belkacem, disse: “Mais insuportável ainda que esta imagem, que na minha opinião deve ser mostrada porque não devemos desviar o olhar, é a situação desses imigrantes”, disse na televisão iTélé.
Duas embarcações naufragaram na noite de terça-feira para quarta-feira depois de partirem da cidade turca de Bodrum com destino à ilha grega de Kos, uma das mais curtas travessias marítimas entre a Turquia e a Europa, disseram guardas fronteiriços turcos.
As equipes de salvamento recuperaram 12 corpos, entre os quais o de Aylan Kurdi, com 3 anos, cujo irmão Galip, de cinco anos, também morreu no naufrágio, segundo a imprensa turca.
- Desde o início do ano, mais de 2,5 mil imigrantes morreram afogados no Mediterrâneo - lembrou a ministra Najat Vallaud-Belkacem.
Pai de crianças
O pai de duas crianças sírias que morreram afogadas junto com a mãe e diversos outros imigrantes enquanto tentavam chegar à costa grega identificou os corpos nesta quinta-feira e se preparou para levá-los de volta à cidade natal de Kobani.
Abdullah Kurdi chorava ao sair de um necrotério na cidade de Mugla, perto de Bodrum, onde o corpo do seu filho de 3 anos de idade, Aylan, foi achado, na Turquia.
Uma fotografia do corpo do menino, vestindo uma camiseta vermelha e bermuda, com o rosto afundado na areia, estampou jornais de todo o mundo nesta quinta-feira, gerando indignação pela falta de ação de países desenvolvidos na ajuda a refugiados.
O irmão de Aylan, Galip, de 5 anos, e sua mãe, Rehan, de 35, também estão entre as ao menos 12 pessoas, incluindo outras crianças, que morreram depois que dois barcos colidiram enquanto tentavam chegar à ilha grega de Kos.
- As coisas que nos aconteceram aqui, no país onde nos refugiamos para fugir da guerra no nosso país natal, queremos que o mundo inteiro veja isto - disse Abdullah a repórteres.
- Queremos a atenção do mundo sobre nós, para prevenir que isto aconteça com outros. Que esta seja a última vez - disse.
Em declaração à polícia obtida pelo jornal Hurriyet, Abdullah disse que pagou duas vezes a traficantes para levar ele e sua família à Grécia, mas as tentativas falharam. Ele então decidiu encontrar um barco e remar sozinho, mas então o barco começou a encher de água e virou quando as pessoas entraram em pânico.
- Eu estava segurando a mão de minha esposa. Meus filhos escaparam das minhas mãos. Tentamos segurá-los no barco - disse na declaração. "Todos estavam gritando no escuro. Não consegui fazer com que minha voz fosse ouvida por minha esposa e filhos".