Socialistas e republicanos se unem para barrar Marine Le Pen e declaram apoiar o centrista no segundo turno da eleição presidencial na França. Apoio de partidos será vital para garantir maioria parlamentar
Por Redação, com DW - Paris:
O centrista Emmanuel Macron e a populista de direita Marine Le Pen vão se enfrentar no segundo turno da eleição presidencial na França. Após o fechamento das urnas, que deram uma leve vantagem ao ex-ministro da Economia, candidatos derrotados e figuras proeminentes da política e opositores, como os ex-premiês François Fillon, Alain Juppé e Jean-Pierre Raffarin pediram votos para Macron.
Após a divulgação dos resultados. Alguns dos candidatos derrotados rapidamente demonstraram seu apoio a Macron para impedir que Le Pen consiga assumir a presidência francesa. O republicano Fillon disse em seu discurso de concessão que a "Frente Nacional (FN) de Le Pen é bem conhecida por sua violência e sua intolerância. E seu programa levaria nosso país à bancarrota e a Europa ao caos".
– Votarei em Emmanuel Macron e considero que é meu dever dizer isso francamente. Não há outra escolha a não ser votar contra a extrema direita. Cabe a vocês refletirem sobre o que é melhor para seu país e seus filhos – disse Fillon a correligionários.
O também republicano e ex-primeiro-ministro Alain Juppé proferiu uma mensagem semelhante. "Apoio Macron sem hesitação em seu duelo com a FN, que levaria a França ao desastre. Apelo aos franceses que façam o mesmo." Outro republicano e também ex-premiê do país. Jean-Pierre Raffarin, expressou seu apoio ao candidato centrista. "Sem hesitação, no que me diz respeito, temos de apoiar Emmanuel Macron".
O candidato socialista derrotado Hamon, ao lado do atual premiê da França, Bernard Cazeneuve, também encorajou seu eleitorado a apoiar Macron. "Eu solenemente peço por votos para Emmanuel Macron no segundo turno, a fim de derrotar a Frente Nacional e travar o projeto desastroso de Marine Le Pen que levaria a França a retroceder e dividirá o povo francês", afirmou.
Ao mesmo tempo em que insistiu que Macron "não pertence à esquerda", Hamon afirmou que há "uma clara distinção entre um adversário político e um inimigo da República", referindo-se a Macron e Le Pen, respectivamente. No pleito deste domingo, Hamon obteve apenas 6% dos votos. Ele pagou o preço dos baixos índices de popularidade do presidente François Hollande, o primeiro chefe de Estado da Quinta República (fundada em 1958) a não tentar a reeleição.
Mélenchon indeciso
Já o candidato da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, revelou que consultará os militantes de seu movimento, França Insubmissa, para decidir se apoia o centrista Macron ou a populista Le Pen. "Os 'mediacratas' (termo pejorativo com que frequentemente se refere aos meios de comunicação e o que considera uma excessiva influência deles sobre a opinião pública) e os oligarcas estão eufóricos. Nada é melhor para eles do que um segundo turno entre dois candidatos que querem prolongar as instituições atuais, que não expressam nenhuma consciência ecológica e que pensam em tomar as conquistas sociais mais elementares", disse.
Segundo a apuração final dos votos, Macron recebeu 23,86% dos votos, e Le Pen, 21,43%. Seguiram Fillon (19,94%), Mélenchon (19,62%) e Hamon (6,35%). A participação eleitoral foi estimada em 80%, similar à de cinco anos atrás.
Pesquisas de opinião publicadas no domingo deram a Macron uma grande vantagem no segundo turno, marcado para 7 de maio. Uma pesquisa do instituto Harris indicou que Macron ganharia com 64% dos votos contra a 36% para Le Pen. O instituto de pesquisa Ipsos / Sopra Steria obteve um resultado semelhante.
Passado o pleito presidencial, o próximo desafio na França são as eleições legislativas de junho. Quem quer que seja eleito presidente precisará do apoio dos outros partidos para conseguir formar uma maioria parlamentar para governar. Na França, o presidente nomeia o primeiro-ministro. E, normalmente, o premiê é escolhido porque lidera a corrente política mais poderosa dentro da maioria na Assembleia Nacional.