Rio de Janeiro, 18 de Dezembro de 2024

Em nome do terror

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Quinta, 18 de Agosto de 2016 às 08:40, por: CdB

As  transformações planetárias, dinâmicas e delicadas, e a complexa rede de interesses globais antagonizam cada vez mais o capital com a democracia

 
Por Abdul Haikal - do Rio de Janeiro
Definida pelo ex-Ministro  da  Justiça Tarso Genro como "primeiro passo para instauração de um Estado fascista",  a lei anti-terror  brasileira foi uma imposição externa do Grupo de  Ação Financeira (GAFI), organismo inter-governamental independente que emite "recomendações" e monitora suas aplicações aos países membros, visando combater o financiamento do terrorismo e do narcotráfico internacional. Nascido com pretensões nobres o GAFI cedeu espaço às hegemônicas opiniões do Banco Mundial e do FMI. Suas "recomendações", adotadas por mais de 150 países, maquiaram leis supressoras de direitos e garantias individuais e coletivas.   Incensaram modelos híbridos de  totalitarismo em regimes democráticos.
turquia-militar.jpgA lei antiterror imposta pela força das armas, na Turquia, reproduz-se por outros países do Ocidente, entre eles, o Brasil
O presidente da Turquia, Tayyep Erdogan, expôs os efeitos da lei anti-terror quando adequou a interpretação de "organização terrorista" e dar aparência de legalidade às estratégias de seu projeto de poder. Fechou jornais e TV's, prendeu jornalistas, demitiu milhares de juízes, promotores públicos e professores. Com o DNA das recomendações do GFI a lei antiterror turca foi pretexto para promover o expurgo de mais de 70 mil pessoas, depois de uma polêmica tentativa de golpe militar. Muitas vezes, recomendações amargas chegam em rótulos politicamente corretos. As intenções do Banco Mundial e FMI sempre vêm no espectro da desconfiança considerando suas práticas históricas. Governavam mais de 80 países, impondo receitas recessivas, desemprego, miséria e fome em países como o Brasil, sob o argumento "solidário" de liberar empréstimos para quitar compromissos financeiros internacionais. Os rentistas destes organismos têm o coração na sola do pé. As  transformações planetárias, dinâmicas e delicadas, e a complexa rede de interesses globais antagonizam cada vez mais o capital com a democracia. Enquanto o primeiro extrai seu poder do mercado o segundo extrai seu poder do voto. Em um contexto de globalização acionária a convergência de interesses das grandes corporações econômicas transnacionais influenciam decisões de organismos internacionais e instrumentalizam governos para proteger seus interesses mercadológicos e o acesso aos recursos naturais. A tragédia de Mariana, a entrega do pré-sal brasileiro, a imigração forçada de milhões de refugiados de guerra sírios e os atos terroristas apresentam em suas causas, ou consequências, os mesmos beneficiários: o grande capital. Protagonistas poderosos, invisíveis aos olhos da opinião pública internacional, manobram nos bastidores e fora deles para ampliar seus interesses geopolíticos e econômicos às custas de tragédias humanas e ambientais. Consolidam-se as estruturas do poder global em escala e profundidade jamais vistas. As corporações econômicas, abrigadas em entidades como o Council On Foreign Relations (CFR) o FMI e o Banco Mundial usam entidades, acordos e tratados internacionais para ajustar seus mecanismos de controle e coerção social. É o "poder" transformando governos em meros instrumentos do totalitarismo — de direita ou esquerda —  que  violam direitos e  garantias individuais e violentam instituições democráticas para garantir interesses e privilégios do grande capital. Uma nova arquitetura de governança global se desenha no século XXI articulando o poder corporativo de forma sistêmica na estrutura dos Estados nacionais. Neste cenário a democracia está definhando. Abdul Haikal é formado em Comércio Exterior pelo Massachusetts Institute Bussines (MIB), pesquisador sobre Oriente Médio há 30 anos e foi vice-Presidente para o Oriente Médio da Federação das Câmaras de Comércio Exterior.
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