Dilma criticou o parecer elaborado pela Casa Civil que restringe seu direito de usar aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB)
Por Redação - de Brasília
A presidenta Dilma Rousseff acordou, neste domingo, em seus aposentos no Palácio da Alvorada, pronta a enfrentar o cerco imposto pela Casa Civil do governo de facto. Dilma volta à Capital Federal após dois dias na capital gaúcha, onde participou de encontros e manifestações de apoio à sua volta ao cargo, do qual encontra-se afastada devido ao golpe de Estado, em curso no país. Dilma chegou a Brasília na noite passada.
Na sexta-feira, Dilma participou de dois eventos em Porto Alegre. Primeiro esteve no lançamento estadual do livro "A Resistência ao Golpe de 2016". Depois, acompanhou parte de uma manifestação contra o governo do presidente em exercício, Michel Temer, no centro da cidade.
Nos dois eventos, Dilma criticou o parecer elaborado pela Casa Civil que restringe seu direito de usar aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB). Conforme o parecer, ela só poderá voar para o Rio Grande do Sul, onde mora sua família. Dilma disse que a decisão é "um escândalo" e que não pretende deixar de viajar pelo Brasil. Dilma usou as redes sociais para reafirmar sua indignação.
A presidente afastada não teve agenda oficial neste sábado em Porto Alegre. Ela aproveitou o dia para visitar a filha e os netos. Mesmo assim, publicou nas redes sociais uma resposta à denúncia publicada pela revista IstoÉ. A matéria diz que o empreiteiro Marcelo Odebrecht, em acordo de confidencialidade com a Operação Lava Jato, afirmou que a petista teria pedido uma doação de R$ 12 milhões para sua campanha eleitoral em 2014, que não foi declarada à Justiça.
Dilma classificou a denúncia de "mentirosa e infundada". Em sua resposta, informou que "jamais intercedeu pessoalmente junto a qualquer pessoa ou empresário buscando benefícios financeiros para si ou para qualquer pessoa". E garante que "irá tomar as medidas judiciais cabíveis para reparar os danos provocados pelas infâmias lançadas contra si" e que "se mantém firme porque sabe que não há nada que possa incriminá-la".
Mídia ensandecida
Para o blogueiro Esmael Morais, “o presidente interino Michel Temer (PMDB) e a mídia golpista ficaram ensandecidos esta semana diante da iminente derrota do impeachment no Senado e, consequentemente, a volta da presidente eleita Dilma Rousseff. A baixaria e a mesquinharia se somaram a mais uma queda de ministro, agora da AGU, ampliando para três o numero de autoridades defenestradas em pouco mais de três semanas”.
“Desde o início do governo provisório, dia 12 de maio, a mídia golpista havia determinado censura a Dilma, isto é, ela não deveria aparecer em mais nada. Entretanto, o desastre de Temer fê-la surgir naturalmente.
Os meios de comunicação também mantém firme o propósito de censurar as ruas, não mostrando os protestos Brasil afora pelo “Fora Temer” e em defesa da democracia, dos direitos sociais e dos trabalhadores. O desespero golpista é tão grande que “revogaram” a censura à presidente eleita para tentar desqualificá-la, deslegitimá-la para o retorno ao cargo”, afirma Morais.
E segue adiante: “Primeiro limitaram o acesso de visitas a Dilma no Palácio Alvorada, depois acusaram-na de pagar o cabeleireiro com propina, cortaram o avião, a comida, planejam ainda cortar a água e a luz da residência da presidente da República. Numa blitzkrieg de fazer inveja ao exército nazista na 2ª Guerra Mundial, a mídia golpista desencavou delações por certo seletivas e editorializadas para impedi-la de votar ao Palácio do Planalto”.
“Mais do que nunca, o consórcio golpista liderado pela Globo remoçou aquela velha máxima de Carlos Lacerda — contra Getúlio Vargas — que agora emprega contra Dilma: “Não pode ser candidato. Se for, não pode ser eleito. Se eleito, não pode tomar posse. Se tomar posse, não pode governar”. Portanto, Karl Marx tinha razão quando profetizou que “a história se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa”. Ou seja, a farsa do golpe de Estado desmorona com o tempo, por isso a desesperada gincana para antecipar a votação do impeachment no Senado”, acrescentou.
Entrevista
Dilma aceitou o convite para uma entrevista à TV Brasil, depois que o Supremo Trbunal Federal (STF) determinou o retorno de Ricardo Melo ao comando da EBC. A assessoria da presidente confirmou que há previsão da entrevista, que deve ser exibida no domingo. Melo foi indicado para um mandato de quatro anos à frente da EBC em um dos últimos atos de Dilma.
O presidente interino, Michel Temer, porém, o exonerou da função e nomeou Laerte Rímoli para o cargo. Melo recorreu e conseguiu uma liminar do ministro Dias Toffoli para retornar à função. Entre os contratos rescindidos está o do jornalista Luís Nassif. Segundo O GLOBO apurou, seria o próprio Nassif quem faria a entrevista com Dilma neste domingo, marcando a sua volta à empresa.
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