A ação mais comum foi a realização de doações, sendo as mais frequentes roupas e sapatos (68%), água e comida (58%), dinheiro (37%) e medicamentos (27%).
Por Redação, com ABr – de Brasília
Oito em cada dez (82%) brasileiros maiores de 16 anos já apoiaram ações de ajuda para vítimas de desastres naturais. A conclusão é de uma pesquisa realizada pela empresa Nexus, a pedido do Movimento União Brasil, que atua na articulação entre doadores, organizações não governamentais e projetos sociais. O estudo alerta ainda que um quarto dos entrevistados vivenciaram ou conhecem alguém que vivenciou eventos climáticos extremos.

Foram ouvidos, em entrevistas presenciais, 2.013 cidadãos com idade a partir de 16 anos, nas 27 unidades da Federação, entre 29 de abril e 5 de maio de 2025.
Além de 82% dos entrevistados terem respondido que já fizeram alguma ação para ajudar vítimas de desastres, 21% dizem que já atuaram como voluntários.
A ação mais comum foi a realização de doações, sendo as mais frequentes roupas e sapatos (68%), água e comida (58%), dinheiro (37%) e medicamentos (27%).
Os pesquisadores observaram que há preferência para o tipo de beneficiado das doações: metade (52%) dos entrevistados prefere direcioná-las para causas em suas cidades ou regiões, enquanto causas nacionais movimentam cerca de 28% dos ouvidos.
Também foi mapeada a percepção sobre as instituições realizam a mediação das doações. Igrejas ou instituições religiosas são percebidas como mais confiáveis para 46% dos entrevistados, seguidas pelo Corpo de Bombeiros ou Defesa Civil (44%) e por ONGs (32%). Era possível escolher até 3 opções e, por isso, os percentuais somam mais de 100%.
A pesquisa também mapeou as ações não realizadas que os brasileiros pretendem realizar no futuro. Segundo o Nexus, cerca de metade (49%) dos entrevistados pretende se voluntariar, 42% planejam doar medicamentos e 29%, água e alimentos.
– O brasileiro tem essa disposição para ajudar, e a pesquisa detalha quais fatores motivam esse tipo de ação, trazendo indicativos importantes para os diversos atores envolvidos em campanhas de doações. O levantamento também apresenta dados relevantes para as empresas, em um momento de crescimento do engajamento em ações de responsabilidade social, dentro de uma agenda ESG – explica na nota Tatiana Monteiro, presidente do Movimento União BR.
Cerca de 40 milhões já foram afetados
A partir dos resultados, a pesquisa estima que 42,2 milhões de pessoas acima de 16 anos já foram impactadas por eventos climáticos graves, dos quais 10% foram vítimas, mais de 4 milhões de pessoas.
Os eventos que caussaram impacto na vida dos brasileiros com maior frequência foram enchentes e alagamentos, relatados por 68% dos entrevistados que foram afetados por desastres ligados ao clima. Também foram mencionados tempestade ou chuva forte (7%), deslizamento de terra (6%), queimadas ou incêndios (5%), queda de barragem e seca, ambos com 2%. Outros somam 5%, e 4% não sabiam ou não responderam.
Apesar de ser uma realidade que já atinge milhões de pessoas no Brasil, 77% dos entrevistados disseram nunca ter feito alguma ação para se proteger dos efeitos dos desastres, como reforçar a estrutura da casa, estocar alimentos, contratar seguro ou montar um kit de emergência.
O percentual dos que buscaram se preparar sobe para 42% entre quem foi afetado por um desastre; para 41% entre quem foi vítima e também conhece outras vítimas; e para 31% no grupo que apenas tem conhecidos que viveram esse tipo de situação.
A pesquisa da Nexus e do Movimento União Br também mostra que metade (50%) dos brasileiros não sabe onde buscar informações sobre como agir, incluindo serviços de resgate e locais seguros para se abrigar, caso aconteça uma situação de tragédia ou desastre natural na própria cidade. Outros 48% disseram saber e 2% não sabiam ou não responderam.
Quando questionados sobre a efetividade da atuação dos governos federal, estadual e municipal para prevenir tragédias, 42% manifestaram uma avaliação negativa, sendo que 26% consideram as ações dos governantes pouco efetivas, e 16%, nada efetivas. Já 33% dizem ser “mais ou menos efetivas”, 14% avaliam como efetivas e 7% como muito efetivas. Outros 5% não sabiam ou não responderam.
– Os dados mostram uma parcela muito expressiva da população afetada por desastres naturais, que têm se tornado cada vez mais intensos, e traz dados preocupantes, como a falta de preparação para esses eventos. Por outro lado, a pesquisa mostra não só um elevado grau de solidariedade na população brasileira, como uma disposição para ampliar essas ações – explicou no estudo Marcelo Tokarski, CEO da Nexus.