“Casa de Oceano” é o quinto e, de longe, melhor álbum de Simone Guimarães. Os anos de estudo de canto lírico aparecem agora, deixando para traz as comparações com o timbre de Beto Guedes e Elis Regina. Simone gravou o repertório certo e a opção por arranjos leves, com muitas cordas, aproximou a sonoridade do disco à dos shows – que sempre foram mais bonitos, talvez pela pequena formação da banda. É visível a influência de Jaime Alem nestas escolhas. Com o aval de Maria Bethânia (na ótima ‘Fogueteira’), Milton Nascimento (‘Milagre dos Peixes’) e Guinga, parceiro de ‘Desavença’, Simone estréia na Biscoito Fino revelando que está aprimorada na arte de cantar, compor e tocar violão.
Longe dos estúdios desde os anos 80, o sanfoneiro Zé de Elias, 85 anos, ressurge nas prateleiras nesta obra, lançada pela Acari Records. Ele compõe de um jeito bem original, típico do nordeste, com aquela linguagem próxima ao forró e muito rica harmônica e melodicamente. De um total de 14, o artista exibe boa forma musical em seis faixas, entre elas no choro ‘Recordando Rio Tinto’, um mostruário de solos de clarineta, flauta e acordeon, com participação de Rui Alvim e Toninho Carrasqueira. A sanfona dele brilha também na alegre ‘Pisa Firme’, travando um diálogo com o flautista, e na valsa ‘Família Carrilho’, feita em homenagem aos músicos Altamiro, Álvaro e Mauricio Carrilho.