Vizinho de agricultor assassinado no Pará deve depor nesta quarta-feira

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Publicado quarta-feira, 25 de maio de 2005 as 15:06, por: CdB

A polícia de Belterra, no Pará, aguarda hoje o depoimento de Irineu Paulo dos Santos, vizinho do agricultor Raimundo Moraes Pinheiro, assassinado no último dia 16, na altura do km 108 da rodovia BR-163 (Cuiabá-Santarém). O crime aconteceu em Santarém, mas o local é mais próximo da delegacia de Belterra. Santos participou das buscas pelo corpo de Raimundo, que foi encontrado no meio da mata dois dias após sua morte, com marca de tiro no rosto.

Segundo Djalma Pereira, escrivão responsável pela delegacia de Belterra, a polícia trabalha com a hipótese de assassinato por encomenda, supostamente motivado por disputa de terra.

– O depoimento não tem hora marcada porque não sei sequer se o intimidado conseguirá comparecer à delegacia. A região onde eles moram é muito isolada, não tem nem telefone. Vai ser preciso que o senhor Irineu caminhe 25 quilômetros em um ramal de terra, até chegar à BR-163, onde passa ônibus para cá – explicou.

Tanto Domingos Pereira, coordenador da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Santarém, quanto Maria Ivete dos Santos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, afirmaram na terça-feira, em entrevista à Agência Brasil, que não conheciam Raimundo. Mas ambos disseram que a região onde ele morava faz parte do projeto de assentamento (PA) Moju, marcado por confrontos entre assentados e madeireiras que atuam na área.

Sílvio de Carvalho, chefe-substituto da unidade avançada do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Santarém, reconheceu a existência de conflitos fundiários no PA Moju. O projeto foi criado na década de 90 e abriga hoje cerca de 2 mil famílias. Segundo Carvalho, o nome do agricultor assassinado não aparece na relação de beneficiários do assentamento, nem há no escritório de Santarém registro de qualquer pedido de regularização fundiária feito em nome dele.