Vítimas de acidente de helicóptero são resgatadas sem vida por um robô

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Publicado segunda-feira, 7 de julho de 2003 as 03:00, por: CdB

Durou menos de dez horas, a partir das 13h deste domingo, a operação de resgate dos corpos das cinco pessoas que morreram, no sábado, na queda de um helicóptero no Campo de Marlim, na Bacia de Campos.

O trabalho foi totalmente automatizado: os técnicos da Petrobras usaram um robô com braços mecânicos para fazer o resgate, concluído pouco antes das 23h. O corpo do co-piloto Marcos Miranda de Souza, de 25 anos, foi o primeiro a ser retirado do helicóptero.

A aeronave estava virada de cabeça para baixo, a 820 metros de profundidade, o que dificultou a operação. Após o resgate da primeira vítima, o trabalho ficou mais fácil. Foram retirados em seguida o comandante da aeronave, Cláudio Belloni; César Marques de Oliveira, empregado da Petrobras; Juliano Alves da Silva e o inglês Kenneth Ward, funcionários de empresas que prestam serviços à Petrobras.

Os corpos foram colocados num cesto e içados para o navio Toisa Mariner, onde o helicóptero pousaria com os cinco ocupantes quando bateu no mastro e caiu no mar em chamas. Os corpos estavam presos pelos cintos de segurança do helicóptero.

Para retirá-los, o robô precisou cortar os cintos. A máquina era manipulada por técnicos a bordo do navio Seaway Condor, ancorado próximo ao local do acidente. Os corpos seriam levados de madrugada para o IML de Macaé.

Esse tipo de operação é inédita no Brasil. Antes só havia sido empregada para o resgate de aeronaves submersas, sem vítimas e a até cem metros de profundidade. Normalmente, esses robôs são usados para a conexão de cabos de transporte de óleo entre os poços e as plataformas de produção.

Peritos do Departamento de Aviação Civil (DAC) estiveram ontem a bordo do navio Toisa Mariner, contra o qual o helicóptero se chocou antes de cair no mar, mas não divulgaram detalhes das investigações. A Petrobras informou que ainda não é possível identificar as causas do acidente, que está sob investigação da Aeronáutica e da própria empresa.

Também não se sabe se haverá condições técnicas para retirar o helicóptero do fundo do mar. – A prioridade absoluta é o resgate dos corpos em respeito às famílias – explicou, à tarde, Guilherme Estrela, diretor de Exploração e Produção da Petrobras.

O piloto Cláudio Belloni era funcionário da BHS desde maio de 2000 e era considerado um piloto experiente. Ele tinha 2.596 horas de vôo, sendo 2.045 em aparelhos do modelo S-76. O co-piloto Marcos foi contratado em dezembro de 2002 e tinha 1.030 horas de vôo.

Ao longo do dia, as tentativas de resgate da tripulação foram acompanhadas por dezenas de pessoas que trabalham nas plataformas da Bacia de Campos. É o caso do soldador Antonio Klebertson dos Santos, de 23 anos, embarcado na P-27.

Na noite de sábado, ele telefonou para a família para tranqüilizar os parentes.

– A gente se acostuma aos riscos da profissão. Acidentes podem acontecer, apenas tentamos não pensar no pior – disse o soldador, que já perdeu as contas de quantas vezes ouviu soar o alarme de emergência das plataformas.