Em visita a Portugal, Ciro Gomes volta a atacar Lula e Moro

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Publicado quarta-feira, 1 de dezembro de 2021 as 15:02, por: CdB

Segundo o pedetista, trata-se apenas de “uma mera fotografia do momento”. Em entrevista à agência russa de notícias Sputniknews, Ciro Gomes não poupa o presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “genocida” e “apologista da ditadura”, tampouco seu ex-aliado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamando-o de “mentiroso e corrupto”.

Por Redação, com Sputniknews – de Lisboa

Em nova visita à Europa, o possível candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, garante que concorrerá em 2022 ao Palácio do Planalto, embora cientistas políticos considerem como certa a sua desistência. Gomes, no entanto, menospreza os resultados das pesquisas que o colocam com apenas um dígito na preferência dos eleitores.

Ciro Gomes
Ciro Gomes disse que não vai desistir de ser candidato e as pesquisas mostram apenas um momento na história política do país

Segundo o pedetista, trata-se apenas de “uma mera fotografia do momento”. Em entrevista à agência russa de notícias Sputniknews, Ciro Gomes não poupa o presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de “genocida” e “apologista da ditadura”, tampouco seu ex-aliado Luiz Inácio Lula da Silva (PT), chamando-o de “mentiroso e corrupto”.

Ex-ministro da Integração Nacional, do próprio Lula, e da Fazenda, de Itamar Franco, Gomes também não evitou sua habitual ironia respondendo a algumas perguntas da Sputniknews, em Lisboa.

Pesquisas

Uma delas foi se ele não via nenhum conflito ético em trabalhar com João Santana, ex-marqueteiro do PT, que chegou a ser preso após ser condenado por Moro a oito anos e quatro meses de prisão por nove crimes de lavagem de dinheiro.

— Claro que não! (Santana) confessou e pagou caríssimo, mas nenhum deles (crimes) de corrupção. E, depois de pagar, a pessoa está devolvida à sociedade. Ou você quer que ele seja condenado eternamente? É isso que você está defendendo? Eu não. Como ele está limpo, leve e solto, acho que ele é o melhor cara que tem para me ajudar — afirmou Ciro Gomes, que tenta pela quarta vez chegar à Presidência da República.

O ex-governador do Ceará e ex-deputado federal pelo mesmo Estado viajou a Lisboa na última semana a convite do MyNews, canal no YouTube fundado pelo publicitário e humorista Antonio Tabet e pela jornalista Mara Luquet, que recentemente abriram um escritório em Portugal.

Na longa entrevista, de 45 minutos, concedida na biblioteca de um hotel, no qual Ciro ficou hospedado, Gomes afirma que “pesquisa é retrato do momento, e a vida não é retrato, a vida é filme”.

— Se você tomar, por exemplo, todas as pesquisas feitas à mesma distância temporal nas eleições de 2018, nenhuma delas via nada do que de fato aconteceu. Por quê? Porque o nível de atenção ao assunto eleições é nenhum no tempo presente. Portanto, elas tendem a revelar muito mais notoriedade do que adesão consolidada a essa ou àquela candidatura. E a notoriedade, no caso brasileiro, é uma variável da exposição da mídia, especialmente televisiva. E aí tem a síndrome brasileira: a mídia comercial pertence a cinco famílias, todas do mesmo lado. E agora vão fazer tudo o que puderem para eleger o Sergio Moro. Vamos ver se conseguem. Lá atrás, fizeram com o (Fernando) Collor. Mais recentemente fizeram com o Bolsonaro. Mas não era o que eles preferiam. A rigor, lá atrás, nas eleições passadas, eles queriam (Geraldo) Alckmin. Mas deu Sergio Moro — acrescentou.

Juiz suspeito

Gomes considera Moro “uma versão piorada da matriz (Bolsonaro).

— Bolsonaro, na sua estupidez, tem alguma coerência. É um grande genocida, que nunca negou que era. Um apologista da ditadura, que nunca negou que era. O Moro é muito pior, é um juiz político. Não existe coisa mais grave, sob o ponto de vista da degeneração moral do ser humano… É só ler Montesquieu, quando se criou a tripartição dos poderes, lá no “O espírito das leis”, em que basicamente a razão de ser que ele advogava é que o poder corrompe. E que o poder total corrompe totalmente. E, por isso, deveriam os poderes ser diferentes — destacou. 

O ex-governador lembra que “um juiz condena um político e depois vai ser ministro de um político que foi beneficiado por essa condenação, recebendo uma promessa de vantagem indevida, leia-se corrupção passiva, de um cargo de ministro vitalício do Supremo Tribunal Federal (STF)”.

— Depois, um juiz que destrói uma empresa, uma grande corporação da construção pesada, vai ganhar dinheiro sendo sócio da empresa que está administrando essa massa falida, cuja sede, sendo em Nova York, ele se localiza em Washington… Percebe? Aí tem… — suspeita.

Ataques

Sobre a suspeição de Moro e Deltan Dallagnol, que chefiou a Operação Lava Jato, Ciro Gomes não tem dúvidas.

— Se isso não confirmar, o que é que faltaria confirmar? Mas nós já tínhamos várias indicações dessa fraude que o Moro conduziu. E, veja, para quem não gosta do Lula ou para quem como eu sabe que a corrupção foi orgânica e centralmente dirigida pelo Lula nos governos dele e da Dilma, tem que pensar por que é que o Sergio Moro deixou esse processo tão malfeito. Não estou dizendo isso agora. Em 2015, eu já dizia que o que Moro estava fazendo era semear nulidade, preparar a impunidade desses ladrões todos etc. Porque qualquer profissional do direito minimamente ilustrado sabia que o Moro não estava fazendo justiça, está fazendo política — pontua.

Sobre as notícias de que ele pretenda desistir de ser candidato, Ciro Gomes foi taxativo:

— Nenhuma chance. Eu vou ganhar a presidência da República, espera só para você ver — concluiu.

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