Novos incidentes abalaram o Afeganistão nesta segunda-feira, depois que o foragido líder do grupo Talebã, mulá Mohammad Omar, pediu a seus seguidores que se unam na guerra contra o governo e contra as forças estrangeiras lideradas pelos Estados Unidos.
Três policiais afegãos ficaram gravemente feridos pela explosão de uma bomba junto ao seu posto na capital, Cabul, um dia depois de um soldado norte-americano ter sido morto e de sete terem ficado feridos em ataques nas províncias.
Os militares dos EUA disseram que seis desses soldados estão em condição estável após terem sido atingidos por uma bomba deixada em um acostamento no domingo na Província de Kunar (leste), onde 19 norte-americanos foram mortos em confrontos com insurgentes em junho.
Antes, os militares disseram que um soldado dos EUA fora morto e outro ficara ferido em um ataque na Província de Helmand (sul), também no domingo. Com isso, já são 36 soldados dos EUA mortos no Afeganistão neste ano.
A onda de violência aparentemente é um prenúncio das eleições parlamentares de 18 de setembro. Centenas de pessoas já morreram neste período, o mais sangrento desde que as forças lideradas pelos EUA derrubaram o regime islâmico do Talebã, em dezembro de 2001.
Um porta-voz do grupo radical disse que o mulá Omar divulgou recentemente uma mensagem via rádio à liderança do Taliban. “Unam-se, e não discordem, continuem a nossa jihad (guerra santa), e a vitória será sua”, disse uma gravação atribuída a Omar e entregue à Reuters na segunda-feira em Kandahar (sul) por um homem que não se identificou.
O porta-voz do Talebã, Abdul Latif Hakimi, disse que o conselho diretor do Taliban, que antes tinha 10 membros, ganhou mais oito integrantes, por decisão de Omar. Ele não identificou os novos membros.
Omar disse aos militantes que não incomodem as pessoas que nada têm a ver com a guerra.
– Façam seus trabalhos serenamente – disse ele, sem explicar o porquê da recomendação contra incomodar civis e das referências a discordâncias internas.
O paradeiro de Omar é desconhecido desde a queda do Talebã, regime que dava abrigo à rede Al Qaeda, de Osama bin Laden, e que por isso foi alvo da ação militar norte-americana após os ataques de 11 de setembro de 2001.
Mas algumas autoridades afegãs acreditam que o guerrilheiro, que não tem um olho, está escondido no vizinho Paquistão. Bin Laden também está desaparecido.
É raro que Omar envie mensagens à imprensa. Em março, por meio de um bilhete manuscrito, ele desmentiu as afirmações norte-americanas de que não estaria mais no controle da insurgência. Na ocasião, prometeu mais ataques contra as forças locais e estrangeiras.
A bomba que feriu os policiais em Cabul danificou um veículo da ONU, mas não feriu nenhum funcionário da entidade.
Cabul já sofreu vários atentados a bomba desde a queda do Taliban, mas em geral a cidade vem sendo poupada da violência pré-eleitoral registrada no sul e no leste.