Violência leva Paquistão a decretar toque de recolher no sul

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Publicado quarta-feira, 3 de março de 2004 as 09:43, por: CdB

Tropas paquistanesas patrulhavam nesta quarta-feira a cidade de Quetta, no sul do Paquistão, onde impuseram um toque de recolher após um ataque contra a minoria xiita ter matado 44 pessoas na véspera e outras 13 terem morrido durante tumulto provocado por medo de violência religiosa.

Parentes das vítimas do massacre desta terça-feira em Quetta tiveram que contar com veículos militares para levá-los ao hospital, onde cerca de 140 pessoas estavam feridas, algumas em estado grave.

Soldados armados com fuzis automáticos e metralhadoras passavam por ruas cobertas de destroços e por lojas incendiadas por xiitas enfurecidos. Cerimônias fúnebres deverão ser realizados nesta quarta-feira sob proteção de militares.

Na cidade tribal de Para Chinar, pelo menos 13 muçulmanos xiitas – oito mulheres e cinco crianças – morreram nesta terça-feira em tumulto durante outra cerimônia para marcar a Ashura, um dos dias mais sagrados para o grupo.

Um médico identificado como Syed Amjad Hussain disse que as mulheres entraram em pânico depois de uma queda de energia, achando que se tratava de um novo ataque de militantes sunitas. Elas tentaram sair às pressas do prédio de dois andares, levando à queda de uma escada. Cerca de 56 pessoas, a maioria mulheres e crianças, ficaram feridas.

O ataque com granadas e tiros contra a procissão xiita em Quetta foi o caso de maior violência religiosa no Paquistão desde o atentado suicida contra uma mesquita da cidade em julho, quando morreram mais de 57 pessoas. Ele coincidiu com as explosões que mataram pelo menos 170 pessoas nas cidades iraquianas de Kerbala e Bagdá. Autoridades paquistanesas não relacionaram os dois eventos.

Líderes xiitas suspeitam que o ataque de Quetta foi obra do Lashkar-e-Jhangvi, grupo sunita clandestino ligado à rede Al Qaeda e responsável por diversos ataques. Testemunhas disseram que as armas dos agressores tinham o nome do grupo pintado.