Violência em Najaf causa divergências no governo iraquiano

Os confrontos entre fuzileiros navais dos EUA e a milícia do clérigo radical xiita Moqtada al-Sadr recrudesceram no Sul do Iraque e, após sete dias seguidos de combates na cidade santa xiita de Najaf, surgem as primeiras divergências dentro do governo interino iraquiano, com alguns membros exigindo a retirada das tropas americanas da cidade.

O vice-presidente iraquiano, Ibrahim Al-Jaafari, pediu nesta quarta-feira que as tropas dos EUA se retirem de Najaf para pôr fim à violência desencadeada por um levante xiita na maior parte das províncias situadas ao sul de Bagdá.

– Peço que as forças multinacionais saiam de Najaf e que ali permaneçam unicamente as forças iraquianas – disse Jaafari em entrevista à rede de TV árabe Al-Jazeera.

As declarações do vice-presidente, líder do Partido Al-Dawa, diferem da adotada pelo primeiro-ministro interino, Ayad Allawi, e outros membros do governo interino, que querem sufocar a rebelião liderada por Sadr com o apoio das forças dos EUA.

Jaafari acrescentou que o governo interino e a milícia de Sadr devem “manter abertas as pontes políticas” e apenas recorrer ao emprego de meios “extraordinários” se os rebeldes se negarem a dialogar e continuarem lutando.

Por sua parte, durante uma breve visita a Najaf, no domingo passado, Allawi exigiu que os rebeldes chefiados por Sadr depusessem as armas e abandonassem a cidade, situada a 180 quilômetros ao sul de Bagdá.

Acirrando os ânimos, Sadr instou seus seguidores do Exército do Mahdi a continuarem a campanha contra as tropas dos EUA, mesmo que ele seja morto ou preso.

– Sigam lutando, inclusive se me tornar mártir ou for aprisionado – disse o líder religioso rebelde em um comunicado aos seus combatentes nesta quarta-feira.

Os militares americanos calculam que cerca de 360 rebeldes morreram nos quatro primeiros dias de combates na região de Najaf e instaram na terça-feira a população civil a abandonar áreas da cidade onde têm se registrado os maiores combates.