Vale oferece US$ 18 bilhões pela maior mineradora de níquel do mundo

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Publicado quarta-feira, 11 de outubro de 2006 as 12:34, por: CdB

Um pool de 34 bancos participam da oferta de compra da canadense Inco pela Companhia Vale do Rio Doce, capitaneado pelo Credit Suisse, UBS, ABN Amro e Santander, com US$ 34 bilhões disponíveis. A Vale utilizará pouco mais da metade desse valor, cerca de US$ 18 bilhões, para fechar o negócio. A compra da mineradora canadense de níquel, apesar de envolver a mais vultosa cifra já ofertada para aquisição de uma empresa entre as companhias latino-americanas, não retira a Vale do seleto grupo de empresas classificadas com baixo risco de crédito (grau de investimento).

Na próxima segunda-feira, termina o prazo para que os acionistas da Inco decidam se aceitam ou não a oferta da Vale de 86 dólares canadenses, à vista, por ação ordinária para garantir o controle da empresa. A proposta prevê a compra de até 100% das ações.

Segunda maior produtora e a primeira em reservas do mineral no mundo, a Inco é líder no mercado global de níquel. A compra da empresa atende a uma estratégia da Vale de se tornar uma mineradora mais diversificada, reduzindo a dependência pesada do minério de ferro. Concretizando a compra, a companhia se firmaria como a empresa com maior potencial de crescimento na produção de níquel do mundo e escalaria, de uma só vez, duas posições no ranking mundial, firmando-se no segundo lugar entre as mineradoras, atrás somente da BHP Billiton.

A diretoria da Vale vem trabalhando pesado para reduzir o custo do capital e mostrar aos investidores internacionais que a operação não irá prejudicar seu perfil. Essa é uma grande vitória nossa nas discussões (com as empresas de classificação de risco). Mostramos a capacidade da Vale em lidar com seus compromissos. Foi extremamente positivo, afirmou ontem o diretor-executivo de Finanças da mineradora, Fábio Barbosa.

As ações da Vale chegaram a cair forte logo após o anúncio da oferta pela Inco, sob a alegação de especialistas de que a operação poderia aumentar o endividamento e diminuir a possibilidade da empresa de pagar dividendos extras este ano. Desde 2002, quando adotou uma política de dividendos mínimos baseados na geração de caixa, a Vale ofereceu anualmente um pagamento adicional aos acionistas.

Mas analistas acreditam que essa estratégia não será seguida este ano. A expectativa é de que a empresa prefira manter mais recursos em caixa para fazer frente à operação. Barbosa, revelou que a mineradora já tem planos de alongar a linha de financiamento, inicialmente prevista para dois anos, para sete anos, no mínimo.

Iniciaremos logo o refinanciamento desse empréstimo, disse Barbosa. Hoje, a mineradora tem uma dívida total de US$ 5,9 bilhões, que gira também com um prazo médio de sete anos.

Barbosa não quis comentar as notícias de que a Vale estaria interessada na venda de sua fatia de 50% na California Steel Industries (CSI), dos EUA, na qual divide sociedade com a siderúrgica japonesa JFE. Desde o início do mês, investidores vêm comentando que a empresa estaria interessada em se desfazer de algumas participações, para diminuir seu endividamento antes da conclusão da oferta de compra pela canadense Inco.