Urugaios vão às urnas para votar privatização de companhia petrolífera

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Publicado sábado, 6 de dezembro de 2003 as 14:13, por: CdB

 Em uma votação que pode fortalecer a crescente posição da esquerda, os uruguaios vão às urnas neste domingo para decidir sobre a continuação ou a suspensão da privatização da companhia petrolífera estatal.

O referendo medirá a lealdade dos uruguaios à tradição de controle do Estado sobre as empresas de serviços. E também avaliará o poder das forças políticas antes das eleições presidenciais de outubro de 2004 num momento de grande descontentamento com o presidente conservador, Jorge Battle, e da crescente popularidade do líder da esquerda, Tabaré Vazquez.

Segundo pesquisas de instituições privadas, a proposta de anulação da lei que permite a participação da iniciativa privada na companhia petrolífera ANCAP deve ganhar com pouco mais de 50 por cento dos votos. Estão habilitadas a participar do referendo 2.466.680 pessoas.

Em seu boletim diário, o banco Credit Suisse First Boston afirma que, se a suspensão vencer, isso “representará um golpe ao programa do governo e um fortalecimento de Vazquez.”

Os analistas advertem que muitos eleitores fiéis a partidos tradicionais não estão de acordo com a privatização da ANCAP, o que pode distorcer a leitura do resultado do referendo.

Muitos votarão pela não-privatização, o que não significa que estejam de acordo com todas as propostas de Vazquez, como a de reestruturação da dívida pública do país.

No Uruguai, as empresas de serviços de energia, combustíveis, telecomunicações e água são estatais. Em dezembro de 2001, o Congresso aprovou a participação da iniciativa privada na ANCAP, num processo de quebra de monopólio impulsionado pelo governo.

Várias companhias internacionais, entre elas a espanhola Respol-YPF, a argentina Perez Companc e a venezuelana PDVSA haviam manifestado interesse na empresa.

Porém, após a aprovação no Congresso, a central única de trabalhadores PIT-CNT e a influente aliança de partidos de esquerda Encontro Progressista/Frente Ampla entraram com um recurso para a realização do referendo que pode anular a lei.