Unaí: Fiscais estranharam ‘cordialidade’ de fazendeiros

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Publicado quarta-feira, 4 de fevereiro de 2004 as 12:33, por: CdB

A subdelegada regional do Trabalho, Dália Ulhoa, e a viúva do fiscal Nelson da Silva, Elbe Soares, prestaram depoimento nesta quarta-feira à comissão especial da Câmara e confirmaram que os fiscais “estranharam” a cordialidade de alguns fazendeiros durante inspeções realizadas na véspera do crime.

A comissão acompanha as investigações do assassinato dos fiscais em Unaí (MG) e procura novas evidências que ajudem na solução do crime.

O delegado regional do Trabalho em Minas, Carlos Calazans, afirmou que fiscais de outras regiões do Estado pediram remoção de seus postos devido a ameaças, mas o fiscal Nelson da Silva subestimava as intimidações que recebia em Unaí alegando que a situação era comum durante fiscalizações. Segundo o delegado, o fiscal acreditava que as relações de trabalho haviam melhorado depois que o ministério passou a agir na região.

Calazans explicou que o trabalho praticado na região deve ser qualificado como precário, e não como escravo, e que a situação é conseqüência da certeza de impunidade. “Para o empresário rural, é normal contratar trabalhadores por salários baixos e não assinar carteira. Eles já têm o contador preparado. Se o ministério vem, eles pedem um prazo e assinam a carteira em uma semana. Isto é rotineiro no país. Essa é a realidade das grandes colheitas em Minas”, disse.

Apoio às famílias

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve encaminhar ao Congresso um projeto de lei que solicita indenização para as famílias dos fiscais assassinados em Unaí (MG). A proposta concede aos filhos dos fiscais os mesmos benefícios que as famílias das vítimas da base de lançamentos de foguetes de Alcântara (MA) obtiveram do governo. A medida prevê o pagamento de uma indenização aos familiares e garantia de que os filhos dos mortos terão os estudos custeados até a universidade.