Um Iraque xiita e um Irã nuclear, mistura perigosa para Washington

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Publicado sexta-feira, 11 de fevereiro de 2005 as 10:43, por: CdB

A semana está tumultuada. O clima está esquentando. Ameaças por parte dos EUA e respostas duras por parte do Irã.
 
O assunto “nuclear bomb” sendo colocado em pauta desde o começo do ano, desde o começo do novo governo de George W. Bush já dá a dica do que será o objetivo da nova política exterior norte-americana.Mais uma vez, o Oriente Médio irá ocupar a cabeça de Bush e seus auxiliares.
 
Na última quarta-feira, o presidente do Irã, Mohammad Khatami declarou que seu país não irá abrir mão da tecnologia nuclear para fins pacíficos. A declaração vem após uma série de duras e diretas ameaças feitas por Bush e pela sua Secretária de Defesa, Condolezza Rice.
 
“É melhor o Irã entender essa mensagem e responder com as suas obrigações internacionais, caso contrário outras medidas serão tomadas. Todos entendem o que quero dizer com outras medidas”, disse Rice.
 
Em Washington, Bush acrescentou que um Irã armado nuclearmente seria “uma força muito desestabilizadora no mundo” e que o Ocidente deve trabalhar unido para evitar que isso aconteça.
 
Alguns países da União Européia como França, Alemanha e Grã-Bretanha ofereceram concessões ao Irã caso haja a desistência do programa nuclear.
 
 
Corrida nuclear
 
A política norte-americana parece estar cada vez mais centralizada no Oriente Médio. Isso pode ser visto até mesmo na insistência dos EUA junto a Israel para que o conflito com os palestinos seja resolvido.
 
Claro, que levando em consideração, principalmente, os benefícios israelenses. Mas mesmo assim, querer resolver o conflito, do qual esteve ausente, no último governo, gerando uma crise sem precedentes na área, significa um bom momento.
 
Por outro lado, alguns analistas vêem uma tentativa de enfraquecer toda a região, quebrando as duras políticas em que vivem alguns países, como é o caso do Irã e como era o caso do Iraque, aparentemente “já resolvido” visto que Saddam foi destituído.
 
Um Iraque de governo xiita, como provavelmente deve ocorrer, próximo de um Irã mais xiita ainda e armado nuclearmente, seria um problema para os planos de “expansão da democracia a qualquer custo” declarados por Bush, no começo do mês, no seu discurso anual para o Estado da União.
 
Mais uma vez as justificativas serão o “combate ao terrorismo” e a “produção de armas de destruição em massa”, assim como foi no Iraque.
 
Contudo, o que muda, é que Khatami não é um ditador que mata mulheres e criancinhas, como Saddam era visto e além disso, não se tem certeza exatamente, de em que nível está o programa nuclear iraniano, pode-se ter avançado mais do que os serviços de inteligência norte-americanos pensam.
 
A Coréia do Norte declarou, também essa semana, que não irá parar com o desenvolvimento de seu programa nuclear e que ele também não tem só fins pacíficos. O país alegou que, para se defender da política externa de Bush, as armas são necessárias.
 
Mais uma dor-de-cabeça para a Casa Branca é Vladmir Putin, presidente da Rússia, que também já afirmou que o país está desenvolvendo “armas nucleares superdesenvolvidas tecnologicamente” e que também já recebeu ameaças, um pouco mais amenas do que as proferidas contra Irã e Coréia do Norte, do governo norte-americano. 
 
 De acordo com os planos de Bush, ele tomará qualquer país que lhe convenha, tendo como argumento o combate ao terrorismo e agora o mais novo de todos, “a expansão da democracia”.
 
Sua intenção é quebrar qualquer regime que não atenda às orientações de Washington ou mesmo que não viva das empresas coorporativas capitalistas norte-americanas.
 
Afinal, a maioria delas vive da indústria do consumo e colocar mais consumistas no mundo, o tornando cada vez mais capitalista, será a certeza de um mercado cada vez mais crescente e gerando mais dividendos