A União Européia mostrou na sexta-feira as fotos chocantes de pulmões podres, tumores de garganta e dentes estragados que serão usadas nas embalagens de cigarro para convencer os fumantes a largar o hábito e desencorajar as crianças de fumar.
A Comissão Européia, o Executivo da UE, quer que os governos adotem as imagens e as aliem aos alertas por escrito nos maços. O Brasil e o Canadá já usam essas imagens nas embalagens.
– É óbvio que a propaganda funciona, senão ninguém anunciaria – agora estamos embarcando nessa – disse o chefe de saúde da UE, David Byrne, numa entrevista coletiva.
A coleção de 42 fotos possui imagens chocantes ligadas à doença e à morte, mas também tem imagens abstratas e bem-humoradas – uma maçã murcha acompanha o alerta sobre o envelhecimento da pele, e um cigarro entortado para baixo adverte sobre a impotência.
Ao mesmo tempo, foi divulgado um relatório por especialistas independentes que afirma que o fumo mata mais de 650 mil europeus por ano e custa aos Estados da UE cerca de 100 bilhões de euros. O documento recomenda aos países europeus que aumentem o gasto em campanhas antifumo e continuem a elevar os preços do cigarro com impostos.
O relatório também afirma que o tabaco deve ser retirado dos índices de preços ao consumidor, porque alguns países temem que aumentos nos preços possam se refletir na inflação.
– A verdadeira face do fumo é a doença, a morte e o horror – não o glamour e a sofisticação que a indústria do tabaco tenta mostrar – disse Byrne.
Byrne, que está deixando o cargo na comissão, disse que a Irlanda e a Bélgica já mostraram interesse em aprovar leis para instituir a colocação das fotos nos maços. Ele espera que outros países comecem a fazer isso no ano que vem.
O grupo britânico de defesa dos fumantes Forest disse que as fotos são uma ofensa gratuita e discriminam os fumantes, já que não há alertas semelhantes para o álcool ou para alimentos não-saudáveis.
– Os fumantes estão conscientes dos riscos à saúde do fumo. Não há necessidade de esfregá-los em seu nariz – disse o diretor da Forest, Simon Clark.