Turquia detém 42 jornalistas em repressão contra tentativa de golpe

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Publicado segunda-feira, 25 de julho de 2016 as 11:30, por: CdB

A Turquia aboliu a pena capital em 2004, permitindo a abertura de conversas para se juntar à UE no ano seguinte, mas as negociações tiveram lento progresso desde então

Por Redação, com Reuters – de Istambul:

 

A Turquia ordenou a detenção de 42 jornalistas nesta segunda-feira, de acordo com a emissora NTV, em meio a um processo de repressão após um fracassado golpe que tem como alvo mais de 60 mil pessoas, o que gerou críticas da União Europeia.

Militares turcos bloqueando acesso a ponte em Istambul
Militares turcos bloqueando acesso a ponte em Istambul

As prisões ou suspensões de soldados, policiais, juízes e servidores públicos, em resposta à tentativa de golpe em 15 de julho, levantou preocupações entre grupos de direitos e países ocidentais, que temem que o presidente Tayyip Erdogan esteja capitalizando para aumentar seu poder.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, colocou em dúvida a antiga aspiração da Turquia de se unir à União Europeia.

– Eu acredito que a Turquia, em seu atual estado, não esteja em posição de se tornar um membro em nenhum momento em breve, nem mesmo em um período mais longo – disse Juncker ao canal francês France 2.

Ele também disse que se a Turquia reintroduzir a pena de morte, algo que o governo disse que deve considerar, respondendo a pedidos de seus apoiadores em manifestações públicas para que os líderes do golpe sejam executados,  isso deve paralisar imediatamente o processo de ascensão da Turquia à UE.

A Turquia aboliu a pena capital em 2004, permitindo a abertura de conversas para se juntar à UE no ano seguinte, mas as negociações tiveram lento progresso desde então.

Respondendo aos comentários de Juncker, o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse ao canal Haberturk que a Europa não pode ameaçar a Turquia em relação à pena de morte.

Erdogan declarou estado de emergência no país, o que o permite assinar novas leis antes de aprovação parlamentar e limitar os direitos que julgar necessários. O governo reiterou que essas medidas são necessárias para identificar apoiadores do golpe e que não vão infringir os direitos de turcos comuns.

 

A NTV relatou que entre os 42 jornalistas sujeitos a mandados de prisão estava o conhecido comentarista e ex-parlamentar Nazli Ilicak.

Erdogan acusa o clérigo Fethullah Gulen, que mora nos EUA e tem muitos apoiadores na Turquia, de arquitetar a tentativa de golpe. Em seu primeiro decreto após o estado de emergência ser declarado, Erdogan ordenou o fechamento de milhares de escolas particulares, entidades de caridade e fundações com supostas ligações com Gulen, o qual nega envolvimento no golpe.