Turquia acusada de invadir o Iraque e colaborar com o EI

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Publicado sábado, 5 de dezembro de 2015 as 12:39, por: CdB

A imagem internacional da Turquia sai ainda mais danificada após a série de denúncias sobre o eventual apoio turco ao Estado Islâmico (EI)

Por Redação, com agências internacionais – de Ancara, Bagdá e Mossul, Iraque
O Iraque exige a retirada imediata de tropas do Exército turco que estão supostamente em uma missão de treinamento perto da cidade iraquiana de Mosul.

Erdogan é acusado de negociar petróleo com o EI e de não combater os extremistas
Erdogan, presidente da Turquia, é acusado de negociar petróleo com o EI e de não combater os extremistas

“As forças armadas turcas localizadas perto de Mosul invadiram o país sem permissão e devem sair imediatamente”, disse o comunicado do primeiro-ministro iraquiano Haider Abadi, obtidos pela agência russa RIA Novosti.
Neste sábado, vários relatos da mídia comunicaram que cerca de 130 militares turcos foram enviados para a área de Mosul, alegadamente para treinar os curdos Peshmerga (uma força militar do Curdistão iraquiano). O premiê Haider al-Abadi disse no Twitter que a “presença não autorizada de tropas turcas na província de Mosul é uma grave violação da soberania iraquiana”.
Mosul foi capturada por militantes do Daesh, que integra o Estado Islâmico, em junho de 2014. Na época, a cidade tinha uma população de mais de 2 milhões de habitantes. O Daesh, um grupo sunita radical, ocupou vastas áreas do Iraque, bem como da Síria. A coalizão internacional liderada pelos EUA, que inclui a Turquia, tem realizado ataques aéreos contra alvos do Daesh no Iraque e na Síria desde setembro de 2014.
No entanto, segundo a agência inglesa de notícias Reuters, o envio de militares turcos ao Iraque não foi feito no âmbito da coalizão. As forças Peshmerga no Iraque têm combatido ao Daesh no terreno.
Turquia e Daesh
A imagem internacional da Turquia sai ainda mais danificada após a série de denúncias sobre o eventual apoio turco ao Estado Islâmico (EI). O combate contra o terrorismo internacional deveria centrar-se na Turquia, acentuou o líder do Partido Ortodoxo do Líbano, Masarik Roderick Khoury. Khoury, que está agora em Moscou, participou de uma entrevista coletiva na qual declarou que Ancara está atuando agora como o principal patrocinador dos grupos armados na Síria.
— A Turquia é o primeiro e principal poder que fornece armas a grupos extremistas. Nós acreditamos que o combate contra o terrorismo deveria começar com pressão em relação à Turquia. Agora, a Turquia é o principal patrocinador do terrorismo na região. Outros, como Abu Bakr al-Baghdadi (‘califa’ autoproclamado do grupo extremista Daesh) e al-Qaeda não são mais do que seus servos. A Frente al-Nusra também leva a cabo ordens da Turquia — opinou o líder do Partido Ortodoxo, justificando as suas alegações com fatos como o seguinte: depois da libertação da cidade síria de Kassab, soldados do exército sírio acharam veículos com placas turcas e outros objetos que só podiam pertencer a homens armados turcos.
Ainda neste sábado, o secretário do Conselho de Discernimento do Irã, Mohsen Rezaie, disse que Teerã está pronto para fornecer ao governo turco as informações necessárias sobre o Daesh e o seu comércio de petróleo, informou a mídia iraniana.
– Conselheiros militares iranianos na Síria tiraram fotos e filmaram todas as rotas utilizadas pelos caminhões-tanque do EI para a Turquia. Se as autoridades turcas não têm conhecimento das vendas de petróleo do Daesh em seu país, então podemos dar-lhes os /nossos/ dados da inteligência – disse Rezaie a jornalistas..
Rezaie também disse que, em breve, serão publicadas algumas notícias importantes sobre a “destruição dos terroristas do Daesh e a sua derrota”. Na quarta-feira, o Ministério da Defesa da Rússia, divulgou imagens de satélite de caminhões de petróleo cruzando a fronteira turco-síria como evidência de contrabando de petróleo sírio na Turquia.
O vice-ministro russo da Defesa, Anatoly Antonov também acusou o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e sua família de envolvimento direto em um comércio ilícito de petróleo realizado pelo Daesh.