Troca de acusações marca primeiro debate em Porto Alegre

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Publicado quinta-feira, 14 de outubro de 2004 as 19:58, por: CdB

No primeiro debate do segundo turno na capital gaúcha, os dois candidatos ao cargo de prefeito retomaram as acusações mútuas. Enquanto o petista Raul Pont qualificou a coligação liderada pelo adversário como bloco do retrocesso, José Fogaça (PPS) apontou o fim da capacidade de renovação do PT.

O debate foi transmitido ao vivo, nesta quinta-feira, pela Rádio Gaúcha e pela TVCom, ambas ligadas à RBS, empresa afiliada da Rede Globo no Rio Grande do Sul.

“O partido que governa a cidade há 16 anos chegou ao limite. Fez o que podia e perdeu as condições de renovação”, disse Fogaça.

Na réplica, Pont defendeu que a capacidade de mudança estaria relacionada ao histórico de realizações e seria característica do seu grupo. “Nós é que somos os herdeiros da mudança.”

O debate teve seis blocos com temas livres e boa parte do programa foi destinada à discussão do Orçamento Participativo, que prevê a definição dos investimentos municipais através de assembléias populares. Ambos os candidatos defendem essa política, mas Pont argumenta que, se for derrotado, a manutenção do método estaria ameaçada, já que a coligação de seu adversário seria contrária às assembléias.

Com exceção do PSB, José Fogaça obteve o apoio de todos os candidatos derrotado no primeiro turno. Daí o fato de a participação dos aliados no governo de Germano Rigotto (PMDB) ser a principal vidraça explorada por Pont.

Segundo o deputado, a coligação representaria o atraso, pois a administração de Rigotto teria interrompido programas implantados na gestão de Olívio Dutra (PT) no governo estadual. “Ficamos com os fatos, o resto é promessa”, disse Pont.

Já Fogaça defendeu que o primeiro ano do governo Rigotto teria sido prejudicado por dívidas deixadas pela administração de Dutra e rebateu as críticas a seus aliados.

“Logo depois do primeiro turno, o bloco do atraso foi paparicado (por Pont). Quando é para buscar voto, serve”, disse Fogaça.

Além de críticas, os candidatos também apresentaram suas propostas durante o debate. Pont aproveitou o programa para fazer um balanço das últimas quatro administrações do PT na cidade e apresentou os novos programas nas áreas de saúde e geração de emprego.

Para o petista, o adversário não apresenta nada diferente do que já é feito.”É como trocar a seleção brasileira por um time da segunda divisão”, disse Pont.

Já Fogaça reafirmou a intenção de manter as políticas municipais que apresentam bons resultados e garantiu que finalizará obras já decididas e ainda não realizadas. “A alternância fará bem para a cidade e para o PT”, disse.

No primeiro turno da eleição municipal, Raul Pont (PT) obteve 37,62 % dos votos e José Fogaça (PPS) ficou em segundo com 28,34 % . Fogaça recuperou a desvantagem e melhorou sua posição nas pesquisas eleitorais.

No levantamento do Correio do Povo, divulgado no último sábado, o candidato do PPS aparece com 51 % da preferência dos eleitores, abrindo uma diferença de dez pontos percentuais em relação ao adversário. Na pesquisa realizada pelo Cepa-Ufrgs, Pont e Fogaça têm empate técnico, com índices de 45,1 e 44,3 % da preferência do eleitorado.

Para tentar reverter a situação desfavorável, a campanha de Pont deve receber o reforço de lideranças nacionais e integrantes do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para sexta-feira, está previsto que os prefeitos eleitos pelo PT no primeiro turno cumpram um roteiro em atividades em Porto Alegre, Caxias e Pelotas, cidades onde o partido disputa o segundo turno das eleições municipais.